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miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm - Fundação Biblioteca ...

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<strong>miolo</strong> <strong>anais</strong> <strong>final</strong> <strong>25cm</strong>:<strong>miolo</strong> <strong>anais</strong> <strong>final</strong> <strong>25cm</strong> 3/22/07 3:27 PM Page 131<br />

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di trabalhar as três polêmicas que envolveram a antropologia do Rio de Janeiro:<br />

a polêmica com Édison Carneiro, com Ruth Landes, que agora está sendo muito<br />

comemorada nos 60 anos da sua viagem ao Brasil, e com Heloísa Alberto Torres,<br />

pessoa muito conhecida, cuja história vai enredar-se não só em um problema<br />

com Arthur Ramos como, mais sério ainda, com a professora Marina São Paulo<br />

de Vasconcellos, assistente de Arthur Ramos.<br />

Falar de Arthur Ramos é uma coisa muito difícil porque, como vocês estão vendo<br />

na sua trajetória de vida, ele tinha uma preocupação muito grande com essa<br />

antropologia aplicada, o que o levou a situações muito estranhas. Situações que só<br />

me foram indicadas porque tive a felicidade maior de conviver muito inti mamente<br />

com d. Marina São Paulo de Vasconcellos, que dava depoimentos incrí veis sobre<br />

ele, e com o diretor da Casa do Estudante do Brasil, dr. Arquimedes de Melo Neto,<br />

que publicou muitas obras proibidas durante o Estado Novo. Publicou, de Josué de<br />

Castro, Geografia da fome, e livros de Arthur Ramos. Era um homem preocupado<br />

com isso. Um velho anarquista, ex-secretário de Gilberto Freyre. Ameaçado de morte<br />

em Pernambuco, veio para o Rio, e Ana Amélia Car neiro de Mendonça o colocou<br />

à frente da Casa do Estudante do Brasil. Ele fez aí uma importante editora, organizando<br />

também cursos, e Arthur Ramos foi o seu grande interlocutor para criar os<br />

primeiros cursos abertos de antropologia, não acadêmicos.<br />

Quer dizer, Arthur Ramos era um autodidata em ciências sociais, que vai trabalhar<br />

por sua institucionalização. Aqui estão todos os programas elaborados nos<br />

anos de 1939, 1940, 1941, e se pode ver como surge a antropologia: com os currículos<br />

e as bibliografias, formadas pelas obras que ele solicita à Reitoria. Ao mesmo<br />

tempo, não abre mão da sua inserção no meio não universitário e mantém,<br />

acirradamente, correspondência com pessoas que não integravam o meio inte -<br />

lectual acadêmico. Por exemplo, Clóvis Moura, hoje conhecido historiador, no<br />

tempo de Arthur Ramos era fiscal de coletoria do interior da Bahia, na cidade<br />

de Juazeiro. Ele escreve a Ramos, dizendo de sua profunda vontade de estudar<br />

os negros e da total carência de livros, de organização, de metodologia. Trinta<br />

dias depois, já escreve agradecendo. Vocês imaginem, no Brasil naquele tempo,<br />

ele um mês depois agradece a remessa de livros, os trabalhos de metodologia para<br />

pesquisa. Assim, Ramos faz uma rede em todo território nacional, não só trocan -<br />

do informações intelectuais, como sendo para esses estudiosos um guia.<br />

Não sei como esse homem, de 46 anos, conseguia atingir tal volume de corres -<br />

pondência, com a produção que tinha. As cartas, por exemplo, de Câmara Cas -<br />

cu do, que está muito ovacionado agora. Destaco uma carta informando a Arthur<br />

Ramos que havia coletado um conto popular no Rio Grande do Norte, e pergun -<br />

tando se este poderia ceder os outros contos que tinha e, ainda, se faria um tra-<br />

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119

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