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miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm - Fundação Biblioteca ...

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<strong>miolo</strong> <strong>anais</strong> <strong>final</strong> <strong>25cm</strong>:<strong>miolo</strong> <strong>anais</strong> <strong>final</strong> <strong>25cm</strong> 3/22/07 3:26 PM Page 15<br />

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trando justamente a sua articulação com a dinâmica internacional e as caracte -<br />

rís ticas próprias das formas assumidas no Brasil (cf. Carrara, 1996).<br />

A psicanálise lida por Arthur Ramos (e por todos os psiquiatras seus contemporâneos)<br />

9 era fundamentalmente uma teoria da “civilização” ou “educação”<br />

individual. 10 Como já apontaram outros dos comentadores de Ramos (cf. Corrêa,<br />

1982; Mokrejs, 1993; e Carvalho, 1995), a teoria freudiana era consumida sobre -<br />

tudo pela via da oposição entre um “inconsciente” mais “primitivo” (com todas<br />

as ambigüidades dessa palavra) e uma “consciência” capaz de se “educar”, de se<br />

controlar (e eventualmente se autocontrolar) pela própria via dos novos recursos<br />

psicoterapêuticos colocados à disposição do processo civilizatório. 11 Daí a impor -<br />

tância que tiveram para Arthur Ramos, por exemplo, tanto a obra de Pfister<br />

(referida à psicanálise freudiana, mas nitidamente mais “moralizante” ou “didática”)<br />

quanto a de Piaget (cujo mentalismo é de caráter diferente do da psicanálise,<br />

mas fundamentalmente comprometido com a “educação” individual).<br />

Esse modelo funciona assim como um regime subordinado ao trinômio Civili -<br />

zação/Nação/Educação, expressivo das condições gerais em que se podia constituir<br />

o campo intelectual brasileiro do entreguerras. A relação com a nação se impunha<br />

não apenas no plano dos ideais, 12 mas também no plano mais pragmático das relações<br />

com o aparelho de Estado. Na ausência de uma estrutura de mediações ins -<br />

titucionais razoavelmente autônoma para sustentar os projetos intelectuais (vejamse<br />

as vicissitudes da Universidade do Distrito Federal, por exemplo, nos anos 1930)<br />

e na dificuldade de manutenção de instituições civis alternativas, 13 era inevitável ocupar<br />

posições dentro do aparelho de Estado. É assim que todas as análises da história<br />

dos intelectuais nesse país sublinham a sua enorme dependência da condição de<br />

“funcionários públicos”, no sentido literal do termo (cf. Corrêa, 1982, pp. 3-4). A<br />

rede médico-sanitária implantada desde o começo do século foi um dos principais<br />

veículos dessa “incorporação”. 14 Foi nela que Arthur Ra mos iniciou sua carreira<br />

pública na Bahia, seguindo as pegadas de Nina Ro drigues, como médico do Hospital<br />

São João de Deus e como médico-legista do Serviço Médico-Legal do Estado da<br />

Bahia. Como também ressalta Mariza Corrêa, porém, não se tratava apenas de ocupação<br />

passiva de funções no interior de um Estado pré-desenhado. Tratava-se também,<br />

e sobretudo, de criação ou transformação de instituições estatais, servindo à<br />

complexificação da rede de relações com a sociedade civil. Foi o papel desempenha -<br />

do por Ramos ao apresentar, em 1928, um plano de construção do Manicômio<br />

Judiciário da Bahia e ao assumir, em 1934, a convite de Anísio Teixeira, o recémcriado<br />

Serviço de Higiene Mental e Ortofrenia da Secretaria de Educação e Saúde<br />

do Distrito Federal. A história das intensas atividades aí desenvolvidas por nosso autor<br />

até 1939 mal começou a ser realizada. 15<br />

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119

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