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Saúde da população negra no Brasil: contribuições para

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A pobreza <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> tem raça/cor, sexo e etnia. Esta afirmação, interpreta<strong>da</strong> poralguns como esquizofrênica, está pauta<strong>da</strong> em números tão cruéis quanto seu reflexo<strong>no</strong>s corpos e nas mentes de negros e <strong>negra</strong>s, índios e índias 12 .De acordo com os <strong>da</strong>dos analisados por Jaccoud e Beghnin (2002), em 1992,40,7% <strong>da</strong> população brasileira era considera<strong>da</strong> pobre; em 2001, esse percentual cai<strong>para</strong> 33,6%. Nesse período, a proporção de negros pobres equivalia a duas vezes aproporção observa<strong>da</strong> na população branca - 55,3% versus 28,9% em 1992 e 46,8%versus 22,4% em 2001. Nesse a<strong>no</strong>, homens e mulheres apresentaram-se distribuídosde forma semelhante entre os pobres – cerca de 1/3 <strong>da</strong> população. Ao incluir a variávelraça/cor na análise dos <strong>da</strong>dos, entretanto, observou-se que esta situação era vivi<strong>da</strong> porquase metade <strong>da</strong>s mulheres <strong>negra</strong>s contra apenas 22,4% <strong>da</strong>s mulheres brancas. Naindigência, a proporção de mulheres e homens negros foi cerca de 28% em 1992 e22% em 2001, contudo este percentual foi 2,3 vezes maior quando com<strong>para</strong>do àqueleapresentado <strong>para</strong> mulheres e homens brancos em 1992 e 2,6 vezes maior em 2001.Segundo Milton Santos (2000), os pobres não estão apenas desprovidos de recursosfinanceiros <strong>para</strong> consumir, a eles é ofereci<strong>da</strong> uma ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia abstrata; que não cabe emqualquer tempo e lugar e que, na maioria <strong>da</strong>s vezes, não pode ser sequer reclama<strong>da</strong>.Por mais que se deseje negar, essa ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia não consistente e não reivindicável, vemsendo ofereci<strong>da</strong> ao longo dos tempos, prioritariamente aos negros e <strong>negra</strong>s, índios eíndias.Se ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia é o repertório de direitos efetivamente disponíveis, os coletivoscujo Estado não garante os meios <strong>para</strong> o desenvolvimento, não têm condições deexercer ativi<strong>da</strong>des globaliza<strong>da</strong>s. Para estes brasileiros a transposição <strong>da</strong>s barreirassocioeconômicas é quase impossível.1.1.2 Aqui se vive com muito poucoEm 1999, a ren<strong>da</strong> per capita média <strong>no</strong>s domicílios com chefia <strong>negra</strong> correspondiaa 42% dos valores observados <strong>no</strong>s domicílios com chefia branca (Martins, 2001). Em2001 vivia-se com uma ren<strong>da</strong> per capita média de R$ 205,40 <strong>no</strong>s domicílios negrose com pouco mais que o dobro <strong>no</strong>s domicílios brancos. Em ordem decrescente deren<strong>da</strong> domiciliar per capita apareciam as residências chefia<strong>da</strong>s por homens brancos,mulheres brancas – com R$ 482,10 e R$ 481,20, respectivamente – segui<strong>da</strong>s <strong>da</strong>quelaschefia<strong>da</strong>s por homens negros e mulheres <strong>negra</strong>s – R$ 208,60 e R$202,20 (Jaccoud eBeghin, 2002).12. Neste texto não serão abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s questões relativas às condições de vi<strong>da</strong> e saúde <strong>da</strong> população indígena.12Fun<strong>da</strong>ção Nacional de Saúde

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