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Saúde da população negra no Brasil: contribuições para

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Desse ponto de vista, é inequívoca a necessi<strong>da</strong>de de um processo continuado deexplicitação e destituição do racismo; de mobilização ética dos segmentos privilegiados;bem como <strong>da</strong> elaboração de instrumentos legais e sociais de repressão e re<strong>para</strong>ção àsações de racismo onde quer que se instalem.O desafio implica uma ação de longo prazo. Mas essa iniciativa deve ser antecedi<strong>da</strong>de um compromisso ético e político individual e coletivo. Reconhecendo que essecompromisso é fruto <strong>da</strong>s lutas sociais <strong>para</strong> a construção e reformulação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de,pode-se afirmar aqui que, em certa medi<strong>da</strong> e em amplos setores, tal decisão já estátoma<strong>da</strong>. A Constituição Federal elabora<strong>da</strong> em 1988, <strong>no</strong>s artigos 3º, 4º, 5º e 215 35 , e aLei nº 8.081 de 21 de setembro de 1990 exemplificam bem as opções <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de– referen<strong>da</strong><strong>da</strong>s <strong>no</strong> processo de eleição do gover<strong>no</strong> Lula, uma vez que ele, durante suacampanha eleitoral, definiu como uma de suas priori<strong>da</strong>des o enfrentamento do racismo(Documento <strong>Brasil</strong> sem Racismo). E <strong>no</strong> período inicial de gover<strong>no</strong> passa a incluir ocombate às desigual<strong>da</strong>des raciais como tema de Estado, com a criação <strong>da</strong> SecretariaEspecial de Políticas de Promoção <strong>da</strong> Igual<strong>da</strong>de Racial e a inclusão do tema na elaboraçãodo Pla<strong>no</strong> Plurianual 2004-2007 36 .O quadro explicitado pelos números é contundente e traduz uma pior quali<strong>da</strong>dede vi<strong>da</strong> <strong>para</strong> negros (pretos e pardos agrupados, segundo metodologia utiliza<strong>da</strong> pordiferentes setores como, por exemplo, as organizações anti-racistas ou o Ipea) mesmoquando variáveis como ren<strong>da</strong> e localização geográfica são controla<strong>da</strong>s.Poucas pesquisas foram desenvolvi<strong>da</strong>s até então com a finali<strong>da</strong>de de estu<strong>da</strong>r asdispari<strong>da</strong>des raciais <strong>no</strong> campo <strong>da</strong> saúde <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, ao contrário do que pode ser verificado<strong>no</strong>s Estados Unidos, Canadá, Rei<strong>no</strong> Unido, África do Sul ou Nova Zelândia, porexemplo. Os poucos estudos feitos dedicam-se principalmente aos diferenciais <strong>no</strong>sindicadores de mortali<strong>da</strong>de – infantil, materna ou adulta (principalmente masculina)– <strong>para</strong> demonstrar tais desigual<strong>da</strong>des. Chamam a atenção também algumas análisessobre a progressão <strong>da</strong> epidemia de HIV/aids <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Todos os estudos têm demonstradomaior vulnerabili<strong>da</strong>de <strong>para</strong> negros em relação aos brancos (Lopes, 2003; Pinho,2002; Batista, 2002; Barbosa, 1998) – mesmo que outros aspectos <strong>da</strong> atenção à saúdeain<strong>da</strong> requisitem maiores estudos.35. Ver Ministério <strong>da</strong> Justiça (2001).36. Na ver<strong>da</strong>de, o Gover<strong>no</strong> Lula se propõe a <strong>da</strong>r passos mais largos (ain<strong>da</strong> que também relutantes) do que aqueles<strong>da</strong>dos durante o gover<strong>no</strong> anterior, de Fernando Henrique Cardoso. Este gover<strong>no</strong>, durante seus oito a<strong>no</strong>sde man<strong>da</strong>to, empreendeu algumas ações emblemáticas <strong>para</strong> a incorporação do enfrentamento do racismo àpolítica nacional estatal, exemplifica<strong>da</strong> pela criação do Grupo de Trabalho Interministerial/ GTI voltado <strong>para</strong>a proposição de políticas de inclusão racial; a elaboração do Programa de Anemia Falciforme <strong>no</strong> âmbito doMinistério <strong>da</strong> Saúde e a criação do Conselho Nacional de Combate à Discriminação, <strong>no</strong> qual o racismo era umdos temas, bem como a homofobia, entre outros.320Fun<strong>da</strong>ção Nacional de Saúde

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