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Saúde da população negra no Brasil: contribuições para

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asileira apontaram <strong>para</strong> a existência de um certo viés de branqueamento <strong>da</strong> base de<strong>da</strong>dos do SIM, derivado <strong>da</strong> maior probabili<strong>da</strong>de de sub-registro dos óbitos <strong>da</strong>s pessoas<strong>negra</strong>s faleci<strong>da</strong>s em com<strong>para</strong>ção com as pessoas brancas que tenham morrido. Issoocorreria por causa de: i) fatores econômicos, produto <strong>da</strong> maior concentração de negrosna base <strong>da</strong> pirâmide social, justamente o segmento onde o nível de sub<strong>no</strong>tificaçãodesse evento vital é maior; ii) fatores regionais, sendo maiores as falhas do SIM nasregiões do <strong>Brasil</strong> onde os negros são maioria; iii) fatores demográficos, relacionados àmaior precoci<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s mortes dos negros, exatamente nas faixas etárias mais baixas,em que o grau de sub-registro de óbitos é maior; e iv) culturais, relacionados à hipótesede maior dificul<strong>da</strong>de <strong>para</strong> a inclusão, <strong>no</strong> registro de óbito, <strong>da</strong> raça/cor de uma pessoa<strong>negra</strong>, fazendo com que essa informação seja leva<strong>da</strong> <strong>para</strong> os registros de óbitos comraça/cor ig<strong>no</strong>ra<strong>da</strong> ou <strong>para</strong> outros grupos raciais.Junto com esses quatro fatores que estariam contribuindo <strong>para</strong> o branqueamento <strong>da</strong>base de registros do SIM, ocorreu a maior incidência <strong>da</strong>s causas de morte ig<strong>no</strong>ra<strong>da</strong>s <strong>no</strong>sregistros de óbitos de pessoas <strong>negra</strong>s, com<strong>para</strong>tivamente aos registros de óbitos de pessoasbrancas. Dessa forma, enquanto tal situação perdurar, as bases de <strong>da</strong>dos do SIM revelarãoas diferenças raciais <strong>no</strong> perfil <strong>da</strong> mortali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> população brasileira de um modo somenteparcial, tendendo a subestimá-la, especialmente entre a população <strong>negra</strong>.Nesse sentido, por causa <strong>da</strong>s lacunas encontra<strong>da</strong>s <strong>no</strong> interior <strong>da</strong> principal basede <strong>da</strong>dos <strong>para</strong> a realização deste estudo, o perfil <strong>da</strong> mortali<strong>da</strong>de dos distintos gruposde raça/cor e sexo, bem como os a<strong>no</strong>s de vi<strong>da</strong> perdidos por esses contingentes, nãopodem ser considerados mais do que hipotéticos. Caso os níveis de sub<strong>no</strong>tificação deóbitos, <strong>da</strong>s causas de morte não identifica<strong>da</strong>s e dos registros de falecimentos com raça/cor ig<strong>no</strong>ra<strong>da</strong> fossem mais baixos (e, <strong>no</strong> limite, inexistentes), certamente o perfil encontradotanto <strong>da</strong> composição relativa <strong>da</strong> mortali<strong>da</strong>de, como dos a<strong>no</strong>s de vi<strong>da</strong> perdidosprovavelmente seriam pronuncia<strong>da</strong>mente distintos do que os que foram encontradosneste trabalho. Alternativamente, <strong>no</strong> caso <strong>da</strong>s esperanças de vi<strong>da</strong> ao nascer dos distintosgrupos de raça/cor <strong>da</strong> população brasileira, como esses indicadores foram produzidosde forma indireta, a partir <strong>da</strong> base de <strong>da</strong>dos do Censo Demográfico de 2000, do IBGE,acreditamos que essas informações tendem a expressar de forma mais precisa a efetivareali<strong>da</strong>de existente.Não obstante to<strong>da</strong>s as limitações <strong>da</strong>s bases de <strong>da</strong>dos do SIM, consideramos queas informações conti<strong>da</strong>s neste estudo demonstraram ser relevantes como perfil hipotético<strong>da</strong> mortali<strong>da</strong>de dos grupos de raça/cor e sexo <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Assim, os indicadoreslevantados sugeriram que, concomitantemente à existência de uma série de indicadoresque apresentaram um comportamento convergente, também ocorreu uma certadiferenciação dos indicadores de mortali<strong>da</strong>de dos brancos em relação aos pretos e aospardos. Essa diferenciação justamente responde à primeira hipótese deste estudo, quese reportou à existência ou não de um padrão de mortali<strong>da</strong>de específico dos distintosSaúde <strong>da</strong> popupalação <strong>negra</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Contribuições <strong>para</strong> a Promoção <strong>da</strong> Eqüi<strong>da</strong>de183

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