12.07.2015 Views

Saúde da população negra no Brasil: contribuições para

Saúde da população negra no Brasil: contribuições para

Saúde da população negra no Brasil: contribuições para

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Castella<strong>no</strong>s (1997) defende o resgate do diagnóstico de saúde e <strong>da</strong> formulação depolíticas públicas a partir do reconhecimento <strong>da</strong>s desigual<strong>da</strong>des entre grupos sociais eaponta a ecologia como principal método de estudo e intervenção. O diagnóstico devefocalizar necessi<strong>da</strong>des (determina<strong>da</strong>s pelas condições de vi<strong>da</strong>), problemas (expressão<strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong>des) hierarquizados e respostas sociais de enfrentamento. Saúde e doençanão são manifestações biológicas individuais de processos sociais, mas “fenôme<strong>no</strong>s queexpressam a reprodução social <strong>no</strong> pla<strong>no</strong> individual e coletivo (biológico, econômico,social e nas formas de consciência e conduta)”.Essas concepções vêm encontrando eco na literatura internacional (Susser &Susser, 1996, Shy, 1997) e, apesar <strong>da</strong>s diferenças teórico-metodológicas, de análisee forma de operacionalização, têm a perspectiva comum de que saúde e doença sãodetermina<strong>da</strong>s por componentes dos processos de produção e reprodução sociais quegeram desigual<strong>da</strong>des <strong>no</strong> trabalho, consumo, necessi<strong>da</strong>des e diagnóstico de problemasde saúde, mol<strong>da</strong>ndo dispari<strong>da</strong>des nas condições de vi<strong>da</strong>, nas situações de saúde, <strong>no</strong>sperfis de doença, nas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des de recuperação e, conseqüentemente, na morte.O conceito e modelo de vulnerabili<strong>da</strong>de proposto por Mann, Tarantola e Netter(1993) e desenvolvido <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> por Ayres et al. (1999) <strong>no</strong> contexto na epidemia <strong>da</strong> aidsé um exemplo de operacionalização <strong>da</strong>s concepções <strong>da</strong> Epidemiologia Crítica e servecomo marco referencial deste trabalho de análise <strong>da</strong> mortali<strong>da</strong>de por raça/cor.Saúde e raça/etnia <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>No <strong>Brasil</strong>, são poucas as pesquisas sobre saúde e raça/etnia. Umas <strong>da</strong>s razõesdecorre do fato de o quesito cor, como indicador de raça/etnia, estar ausente <strong>da</strong> maioriados documentos e <strong>da</strong>dos de saúde, impossibilitando seu uso enquanto variável deanálise. Embora a Lei nº 6.015 de 31/12/1973 determine que os assentos de óbito enascimento devam conter raça/cor entre outras informações, seu registro de fato nemsempre ocorre.O Ministério <strong>da</strong> Saúde incluiu raça/cor como quesito obrigatório <strong>da</strong>s declaraçõesde óbito a partir de 1996, mas o <strong>da</strong>do ain<strong>da</strong> apresenta importante proporção deig<strong>no</strong>rados. Nenhum dos demais registros do SUS, morbi<strong>da</strong>de hospitalar, ambulatorial,de doenças de <strong>no</strong>tificação compulsória registram cor, embora os prontuários médicosa a<strong>no</strong>tem.Quanto à mortali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> população <strong>negra</strong>, os estudos existentes indicam maiorvulnerabili<strong>da</strong>de a mortes por doenças cardiovasculares, causas externas (Barbosa, 1998;Batista 2002); mortali<strong>da</strong>de infantil (Cunha, 2001) e materna (Martins e Tanaka, 2000) epor HIV/aids entre mulheres (Werneck, 2001). Cunha (1994, 1997, 2001, 2002) mos-Saúde <strong>da</strong> popupalação <strong>negra</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Contribuições <strong>para</strong> a Promoção <strong>da</strong> Eqüi<strong>da</strong>de239

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!