12.07.2015 Views

Saúde da população negra no Brasil: contribuições para

Saúde da população negra no Brasil: contribuições para

Saúde da população negra no Brasil: contribuições para

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Como dissemos anteriormente, os avanços produzidos na implementação do SUSdurante a déca<strong>da</strong> de 1990 foram singulares. Outros setores <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de não lograramtal êxito <strong>no</strong> tocante ao cumprimento dos preceitos contidos na Constituição de 1988.Porém este avanço não produziu o impacto que a população <strong>negra</strong> desejava, mantendo-seas iniqüi<strong>da</strong>des em saúde entre brancos e negros.Ricardo Henriques (2001) analisou as condições de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> população brasileiradurante a déca<strong>da</strong> de 1990, utilizando o recorte racial com o intuito de mapear asdesigual<strong>da</strong>des raciais <strong>no</strong> país. Para tanto investigou a composição racial brasileirasegundo sua distribuição espacial, etária e por sexo, a composição <strong>da</strong> pobreza, adesigual<strong>da</strong>de de ren<strong>da</strong> e educação, o mercado de trabalho via ocupação de postos, ahabitação e o consumo de bens duráveis.A partir <strong>da</strong> análise destes indicadores, o autor observou que “existiram avançospositivos nas condições de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> população brasileira, mas esses avanços não setraduziram em reduções na desigual<strong>da</strong>de racial”. (Henriques, 2001).Segue atestando, de forma irrefutável, a necessi<strong>da</strong>de de serem desenvolvi<strong>da</strong>spolíticas públicas volta<strong>da</strong>s <strong>para</strong> a superação <strong>da</strong>s desigual<strong>da</strong>des raciais.Se em diversas instâncias estruturais <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de brasileira, como trabalho/ren<strong>da</strong>,educação e habitação, as desigual<strong>da</strong>des entre negros e brancos permaneceram e,em alguns aspectos se agravaram, fica a pergunta se poderia acontecer de outro modo<strong>no</strong> âmbito <strong>da</strong> saúde, já que nenhuma ação foi desencadea<strong>da</strong> <strong>para</strong> reverter o quadrode desigual<strong>da</strong>des. O que se desvela é que o “universalismo cego” vigente tem servidoà reprodução <strong>da</strong>s desigual<strong>da</strong>des, pois impede a democratização dos ganhos <strong>no</strong> setorsaúde.O jurista Joaquim Barbosa, em sua análise do princípio <strong>da</strong> igual<strong>da</strong>de, <strong>no</strong> qual auniversali<strong>da</strong>de se apóia, <strong>no</strong>s ensina:“Resumindo singelamente a questão, diríamos que as nações que historicamentese apegaram ao conceito de igual<strong>da</strong>de formal são aquelas onde se verificam os maisgritantes índices de injustiça social, eis que, em última análise, fun<strong>da</strong>mentar to<strong>da</strong> equalquer política governamental de combate à desigual<strong>da</strong>de social na garantia de quetodos terão acesso aos mesmos ‘instrumentos’ de combate corresponde, na prática,assegurar a perpetuação <strong>da</strong> desigual<strong>da</strong>de. Isto porque essa ‘opção processual’ não levaem conta aspectos importantes que antecedem à entra<strong>da</strong> dos indivíduos <strong>no</strong> mercadocompetitivo. Já a chama<strong>da</strong> ‘igual<strong>da</strong>de de resultados’ tem como <strong>no</strong>ta característicaexatamente a preocupação com os fatores ‘exter<strong>no</strong>s’ à luta competitiva – como classe430Fun<strong>da</strong>ção Nacional de Saúde

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!