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Saúde da população negra no Brasil: contribuições para

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Em segundo lugar, outro problema verificado reportou-se ao elevado percentual decausas de morte mal defini<strong>da</strong>s conti<strong>da</strong>s <strong>no</strong>s registros de óbitos. Nesse caso, em termosdos impactos sobre a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s informações sobre os óbitos <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, o problemase soma à lacuna anterior, conquanto seja de natureza distinta. Na ver<strong>da</strong>de, um registrode óbito com declaração de causa de morte não identifica<strong>da</strong> é um mal de naturezame<strong>no</strong>s grave, tendo em vista que, ao me<strong>no</strong>s, o registro do óbito foi realizado. To<strong>da</strong>via,essa informação, <strong>no</strong> fundo, somente serve <strong>para</strong> sinalizar que aquela pessoa que faleceude causas não identifica<strong>da</strong>s contou com um tipo de assistência médica, hospitalare laboratorial de baixa quali<strong>da</strong>de. Se, do ponto de vista <strong>da</strong> definição <strong>da</strong> montagem<strong>da</strong>s políticas públicas, isso serve como forma de mensuração <strong>da</strong> baixa quali<strong>da</strong>de doatendimento, por outro lado, tal sorte de informação, <strong>no</strong> fundo, não quer dizer muitacoisa, ocultando, na ver<strong>da</strong>de, a causa de falecimento <strong>da</strong>quela <strong>da</strong><strong>da</strong> pessoa. Por essemotivo, não há como superar essa deficiência de informação sem uma universalização,e aprimoramento <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de de atendimento, do Sistema Único de Saúde (SUS) <strong>para</strong>to<strong>da</strong> a população brasileira.Em terceiro lugar, apesar dessas evidências que apontam <strong>para</strong> a universalizaçãodos registros de eventos vitais e do SUS, é importante salientar que os indicadoreslevantados mostraram que ambos os problemas, <strong>da</strong> sub<strong>no</strong>tificação dos óbitos e doamplo percentual de registros de óbitos com causa de morte não identifica<strong>da</strong>, acabavamafetando com maior intensi<strong>da</strong>de os negros do que os brancos. Por isso, nunca sedeve esquecer que o aprimoramento <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de do SIM passa, necessariamente, pelasua maior e melhor cobertura dos eventos fatais, envolvendo especialmente os afrobrasileiros.Nesse sentido, é razoável supor que o perfil color blind até hoje vigentena área <strong>da</strong> saúde e <strong>da</strong> geração de estatísticas de mortali<strong>da</strong>de talvez não tenha aju<strong>da</strong>doa aumentar, em especial, a consciência <strong>da</strong> população <strong>negra</strong> quanto à importância doregistro oficial dos casos fatais em suas famílias. Naturalmente esse tipo de problemanão afeta somente os negros. Porém, na medi<strong>da</strong> em que se comprove que tais lacunasos afetam de modo mais que proporcional, não haveria motivo <strong>para</strong> que campanhas deesclarecimento a esse respeito se dirigissem a tal segmento, coerentemente, de modomais que proporcional. Da mesma forma, os problemas enfrentados pelo SUS e osproblemas quanto à baixa quali<strong>da</strong>de do atendimento hospitalar, médico e ambulatorial<strong>no</strong> país (e que se reflete <strong>no</strong> amplo número de casos de registros de óbitos com causa demorte ig<strong>no</strong>ra<strong>da</strong>), não devem elidir que tal problema afeta primordialmente os negrose <strong>negra</strong>s, pessoas que, em geral, têm me<strong>no</strong>s acesso aos pla<strong>no</strong>s de saúde priva<strong>da</strong> e àsformas mais sofistica<strong>da</strong>s de atendimento.Em quarto lugar, o estudo do perfil <strong>da</strong> base de <strong>da</strong>dos do SIM, <strong>no</strong> que implica opreenchimento <strong>da</strong> raça/cor dos falecidos nas Declarações de Óbitos, mostrou que, <strong>no</strong>súltimos cinco a<strong>no</strong>s, houve uma progressiva melhora desse sistema de registros. Assim,<strong>no</strong> a<strong>no</strong> 2000, em todo o <strong>Brasil</strong>, conforme foi verificado, na base de <strong>da</strong>dos do SIM passouSaúde <strong>da</strong> popupalação <strong>negra</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Contribuições <strong>para</strong> a Promoção <strong>da</strong> Eqüi<strong>da</strong>de181

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