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Saúde da população negra no Brasil: contribuições para

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O fato de a maior parte dos sub-registros de óbitos concentrar-se na faixa etáriaabaixo de um a<strong>no</strong> não implica que nas demais faixas esse problema esteja ausente.Oliveira e Albuquerque (s/d, p. 10) calcularam que, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2000, o percentual decobertura dos óbitos <strong>da</strong> população acima dos cinco a<strong>no</strong>s <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> seja de 80% <strong>para</strong>homens e de 75,76% <strong>para</strong> mulheres. Segundo os autores, o problema do sub-registroocorre com maior intensi<strong>da</strong>de na população jovem do que na população adulta eidosa. Isto ocorreria “pela necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> família em possuir o documento que atestao falecimento <strong>da</strong> pessoa, pois, não raramente, existem direitos ou benefícios a serem,horizontal ou verticalmente, transmitidos”. Essa reali<strong>da</strong>de, porém, não é sinônimo deque não haja sub<strong>no</strong>tificações de grupos etários mais avançados, até porque, em umcontexto de eleva<strong>da</strong> pobreza e informali<strong>da</strong>de <strong>no</strong> mercado de trabalho, a maioria <strong>da</strong>spessoas não tem bens ou direitos a serem transmitidos após sua morte, desestimulandoa oficialização do falecimento. Assim, de acordo com esses autores, mesmo na faixaetária superior a 80 a<strong>no</strong>s o nível estimado de omissão de registros de óbitos seria de16% <strong>para</strong> os homens e de 21% <strong>para</strong> as mulheres.O histórico de sub<strong>no</strong>tificações de registros de óbitos não deve elidir o fatode que o grau de cobertura dos falecimentos vem fazendo progressos nas últimasdéca<strong>da</strong>s. Contribui <strong>para</strong> esse fato a urbanização do país, o aumento do nível médio deescolari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> população, a abertura de <strong>no</strong>vas vias de comunicação e transporte emdireção aos pontos mais ermos do país, além do próprio incremento dos sistemas derecolhimento dessa sorte de informação. Igualmente positiva vem sendo a tendência àconvergência dos indicadores de mortali<strong>da</strong>de do Registro Civil e do SIM. Vasconcelos(1994, 1998) apontou que, em 1978, a base de <strong>da</strong>dos do Registro Civil continha 20%a mais de casos <strong>no</strong>tificados em relação ao SIM. Já <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 1994, essa diferença,positiva <strong>para</strong> o Registro Civil, havia se reduzido <strong>para</strong> 3,9%.Apesar dessa evolução favorável, cabe salientar que esse movimento não émarcado por uma via de mão única, existindo contratendências que contribuem <strong>para</strong>manter os sub-registros, tanto <strong>no</strong> Registro Civil como <strong>no</strong> SIM, em patamares elevados.Destarte, além dos fatores anteriormente elencados, que persistem conquanto em níveismais baixos, deve ser listado como um fator <strong>da</strong> sub<strong>no</strong>tificação o aumento <strong>da</strong> violêncianas grandes ci<strong>da</strong>des, que termi<strong>no</strong>u por urbanizar um fenôme<strong>no</strong> antes basicamenterural e de pequenas ci<strong>da</strong>des, qual seja, o enterro de pessoas faleci<strong>da</strong>s em cemitériosclandesti<strong>no</strong>s, agora transformados, nas metrópoles, em pontos de desova e outrasformas de desaparecimento dos corpos. Assim, uma pesquisa realiza<strong>da</strong> por Leonar<strong>da</strong>Musumeci (IE-UFRJ/Cesec), por exemplo, mostrou que, <strong>no</strong> estado do Rio de Janeiro,“o número de pessoas registra<strong>da</strong>s como desapareci<strong>da</strong>s <strong>no</strong> estado praticamente dobrouem dez a<strong>no</strong>s, passando de 2.473 (em 1993 – N.A.) <strong>para</strong> 4.800 <strong>no</strong> a<strong>no</strong> passado (em2003 – N.A.), o que representa um aumento de 94%. No período foram contabilizados39 mil desaparecimentos, o que corresponde duas vezes à população de Búzios” (OGlobo, 2004, p. 26).54Fun<strong>da</strong>ção Nacional de Saúde

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