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Saúde da população negra no Brasil: contribuições para

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3. A Presença do racismo na saúde – um exemplo"Em alguns lugares, como na Baixa<strong>da</strong> Fluminense [periferia do Rio de Janeiro],o atendimento <strong>no</strong>s hospitais públicos é ruim, não importa a cor <strong>da</strong> pessoa.Acontece que nesses lugares a maioria dos pacientes é pobre e grande partedeles é composta por negros. Como as gestantes <strong>negra</strong>s são maioria,a pesquisa acaba concluindo que elas recebem um atendimento pior,quando, na ver<strong>da</strong>de, as brancas é que são poucas."Declaração do obstetra e ginecologista Bartolomeu Penteado Coelho,diretor <strong>da</strong> Câmara Técnica de Ginecologia e Obstetríciado Cremerj – Conselho Regional de Medicina doRio de Janeiro (Folha de S.Paulo, 26/5/2002).Esse pronunciamento foi a resposta do representante do Conselho Regional deMedicina do Estado do Rio de Janeiro à matéria publica<strong>da</strong> <strong>no</strong> jornal Folha de S.Paulodo dia 26/5/2002 com a seguinte chama<strong>da</strong>: Até na hora do parto mulher <strong>negra</strong> édiscrimina<strong>da</strong>. Nela, divulgavam-se os resultados preliminares de uma pesquisa queapontava diferenciais de quali<strong>da</strong>de <strong>no</strong> atendimento a mulheres gestantes na ci<strong>da</strong>de doRio de Janeiro segundo as características raciais.A citação foi trazi<strong>da</strong> aqui como um exemplo espetacular de como a desigual<strong>da</strong>deracial e o racismo, com suas múltiplas faces, estabelecem-se <strong>no</strong> setor saúde, tanto doponto de vista institucional e corporativo, quanto individual, <strong>no</strong> face a face <strong>da</strong> relaçãoentre profissionais e seus clientes. Esse é também um interessante instrumento <strong>para</strong> avisibilização dos mecanismos de naturalização <strong>da</strong>s desigual<strong>da</strong>des – na citação, o autornaturaliza o pior atendimento <strong>para</strong> pobres que “coincidentemente” são <strong>negra</strong>s.A pesquisa divulga<strong>da</strong> foi realiza<strong>da</strong> por uma parceria entre a Escola Nacional deSaúde Pública, o Centro de Informações <strong>para</strong> a Saúde – ambos <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção OswaldoCruz – e a Secretaria de Saúde <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>de do Rio de Janeiro. Os <strong>da</strong>dos foram colhidosentre as mulheres atendi<strong>da</strong>s pelo Sistema Único de Saúde <strong>no</strong> período de 1999 a 2001.Entre os achados dessa pesquisa, pode-se verificar um padrão de correspondênciacom os <strong>da</strong>dos divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplica<strong>da</strong> – Ipea (2003) demaior participação de usuários negros <strong>no</strong> SUS (76,23%) em com<strong>para</strong>ção com usuáriosbrancos (66,05%). De fato, na amostra pesquisa<strong>da</strong>, 51,8% <strong>da</strong>s atendi<strong>da</strong>s eram <strong>negra</strong>s,enquanto 36% eram brancas. Uma informação importante a ser considera<strong>da</strong> é queSaúde <strong>da</strong> popupalação <strong>negra</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Contribuições <strong>para</strong> a Promoção <strong>da</strong> Eqüi<strong>da</strong>de321

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