12.07.2015 Views

Saúde da população negra no Brasil: contribuições para

Saúde da população negra no Brasil: contribuições para

Saúde da população negra no Brasil: contribuições para

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

10.1. Produção de conhecimento científicoUma longa discussão teórica envolve este tema, vincula<strong>da</strong> às dificul<strong>da</strong>des decompreensão do lugar que o termo/conceito raça ocupa <strong>no</strong> pensamento e na pesquisaem saúde 57 . Entre as principais questões aponta<strong>da</strong>s está o longo debate que visa afirmarou negar o conceito raça na saúde como fator etiológico, ancorado em processos biológicosou como fator de risco social (Cooper Kaufman, 1998). Nesse cenário, fatorescomportamentais, culturais e socioeconômicos são reconhecidos como atuantes <strong>no</strong>sprocessos de saúde/doença, influenciando tanto positiva quanto negativamente a saúdede populações e indivíduos (Chaturvedi, 2001).Aqui, busca-se alertar que, se por um lado é preciso guar<strong>da</strong>r distância de pensamentoseugenistas de inferiori<strong>da</strong>de biológica de huma<strong>no</strong>s (os quais muito influenciarame influenciam o pensamento <strong>no</strong> campo <strong>da</strong> saúde – e <strong>da</strong> pesquisa em saúde – <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>e fora dele 58 ), também é preciso reconhecer as evidências já produzi<strong>da</strong>s acerca dosdiferenciais – e iniqüi<strong>da</strong>des – produzidos na saúde de indivíduos e grupos a partir desua cor ou raça 59 . Ain<strong>da</strong> assim, reconhecendo o importante papel que as desigual<strong>da</strong>dessocioeconômicas, étnicas, de gênero, espaciais/territoriais, entre outras, têm <strong>no</strong>sprocessos de saúde e doença.Por outro lado, considerando-se que raça não é uma característica biológica,diferentes autores já citados neste capítulo apontam as dificul<strong>da</strong>des e as fragili<strong>da</strong>desvincula<strong>da</strong>s aos critérios de classificação dos indivíduos segundo características raciais.A literatura consulta<strong>da</strong>, nacional e internacional, tem apontado a classificação segundocaracterísticas fe<strong>no</strong>típicas – em especial a cor <strong>da</strong> pele – como principal indicadorracial. Chama ain<strong>da</strong> a atenção <strong>para</strong> a necessi<strong>da</strong>de de algum nível de padronização<strong>no</strong>s critérios de coleta, a fim de se produzir um grau de confiabili<strong>da</strong>de e eficiênciacom<strong>para</strong>tiva aos <strong>da</strong>dos.De qualquer modo, já há evidências suficientes publica<strong>da</strong>s na literatura científica,de que diversas e importantes doenças como hipertensão arterial, diabetes, doençasdo coração e outras, além de mortes precoces, são mais importantes em grupos raciaisespecíficos do que na população em geral. Também já se conhecem doenças específicasvincula<strong>da</strong>s a determinados genes mais preponderantes em alguns grupos raciais, comoé o caso <strong>da</strong> anemia falciforme, (Oliveira, 2003, p. 91-156; London Health Observatory,57. Unicef, Unifem, PNUD, Unesco, GT-Unaids, UNDCP.58. Witzig (1996, p. 674-679). Hernandez-Arias (2003); McKenzie (1999, p. 616-617); Cooper e Kaufman (1991,p. 813-816); Chaturvedi (2001, p. 925-927); Rathore (2003).59. Ver Stepan, Nancy. The our of eugenicis. Um excelente trabalho de pesquisa histórica acerca <strong>da</strong> penetraçãoe desenvolvimento do pensamento eugenista <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> e na América Latina, em especial <strong>no</strong>s discursos médicos.362Fun<strong>da</strong>ção Nacional de Saúde

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!