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Saúde da população negra no Brasil: contribuições para

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O preconceito 15 (in)consciente, a ig<strong>no</strong>rância, a falta de atenção ou a aceitaçãode estereótipos racistas que colocam segmentos populacionais em desvantagem; asub-representação de negros e indígenas entre os cui<strong>da</strong>dores de nível superior e a faltade “habili<strong>da</strong>de” <strong>para</strong> o manejo de questões relativas à raça ou etnia (incompetênciacultural) corroboram <strong>para</strong> a elaboração de estratégias me<strong>no</strong>s evidentes, porém eficientes,de discriminação racial ou étnica 16 , seja numa perspectiva individual, coletiva oumesmo institucional.No caso <strong>da</strong> saúde, o uso <strong>da</strong> linguagem como meio de manutenção e legitimação<strong>da</strong>s desigual<strong>da</strong>des sociais e raciais permite que sejam criados, cotidianamente,<strong>no</strong>vos mecanismos <strong>para</strong> o não oferecimento de um serviço profissional, adequadoe equânime. Do ponto de vista do usuário, são criados e recriados mecanismos <strong>para</strong>a não percepção ou não aceitação de atitudes negativas por parte dos profissionais.Enquanto aqueles simulam tratamento igualitário, estes fingem não perceber que estãosendo maltratados ou fingem não saber que não têm suas necessi<strong>da</strong>des contempla<strong>da</strong>sde forma insatisfatória.Dados <strong>da</strong> pesquisa nacional sobre Discriminação Racial e Preconceito de Cor <strong>no</strong><strong>Brasil</strong>, realiza<strong>da</strong> pela Fun<strong>da</strong>ção Perseu Abramo e Instituto Rosa Luxemburgo Stuftingem 2003, revelam que 3% <strong>da</strong> população brasileira já se percebeu discrimina<strong>da</strong> <strong>no</strong>sserviços de saúde. Entre as pessoas <strong>negra</strong>s que referiram discriminação, 68% foramdiscrimina<strong>da</strong>s <strong>no</strong> hospital, 26% <strong>no</strong>s postos de saúde e 6% em outros serviços nãoespecificados. Em sua maioria, o agente discriminador foi o médico e, ain<strong>da</strong> que istotenha sido percebido, poucos buscaram denunciar o ato. Entre aqueles que o fizeram,ninguém relatou ter sido informado sobre as providências toma<strong>da</strong>s pela instituição<strong>para</strong> reverter o quadro.Ao entrevistar usuários e usuárias portadores de hipertensão arterial essencial,atendidos em serviços públicos do município do Rio de Janeiro, Cruz (2004) observouque, embora a significância estatística tenha sido observa<strong>da</strong> apenas em relação aotratamento não cordial oferecido aos brancos pelo médico cardiologista, os negrosrelataram com mais freqüência tratamento desigual. A falta de cordiali<strong>da</strong>de por partedo recepcionista foi cita<strong>da</strong> por 4,5% dos brancos e 13,3% dos negros; por parte do(a)auxiliar de enfermagem, 4,5% <strong>para</strong> os brancos e 5,4% <strong>para</strong> os negros; por parte do(a)clínico geral, 4,5% entre os brancos e 13,3% entre os negros.15. O preconceito entendido como uma idéia preconcebi<strong>da</strong>, sem razão objetiva ou refleti<strong>da</strong>, é uma posiçãopsicológica que acentua sentimentos e atitudes endereçados a um grupo como um todo ou a uma pessoa porser membro <strong>da</strong>quele grupo (Munanga,1999).16 Discriminação é a atitude ou ação de distinguir tendo por base idéias preconceituosas. É a manifestaçãocomportamental que perpetua privilégios e desigual<strong>da</strong>des históricas culturalmente aceitos (Munanga, 1999).20Fun<strong>da</strong>ção Nacional de Saúde

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