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Saúde da população negra no Brasil: contribuições para

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a constar a raça/cor do falecido em cerca de 85% dos registros. Contudo, também foipossível perceber que impera a necessi<strong>da</strong>de de se aprimorar esse sistema.O problema é que os 15% de registros de óbitos que não tiveram o quesito raça/correspondidos, representavam um percentual muito elevado, tendo em vista os problemas desub<strong>no</strong>tificação e o fato de que os casos de raça/cor ig<strong>no</strong>ra<strong>da</strong> não se distribuíam homogeneamenteem todo o país, pelo contrário, tendendo a ser maior nas regiões onde os negros(pretos e pardos) formam a maioria <strong>da</strong> população. No mesmo rumo, sabe-se que as dispari<strong>da</strong>desraciais nas taxas de mortali<strong>da</strong>de de crianças abaixo de um a<strong>no</strong> de i<strong>da</strong>de, medi<strong>da</strong>spor metodologia indireta, são bastante eleva<strong>da</strong>s. E é justamente entre os recém-nascidosque o grau de ocultação de casos de falecimentos é proporcionalmente maior. Destarte, éinevitável que a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> base de <strong>da</strong>dos do SIM fique bastante comprometi<strong>da</strong> <strong>para</strong> oestudo <strong>da</strong>s desigual<strong>da</strong>des raciais de mortali<strong>da</strong>de infantil, particularmente, a perinatal.Um outro fator, de evidência mais fraca, também poderia estar comprometendoa quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s informações sobre os perfis racialmente desiguais <strong>da</strong> mortali<strong>da</strong>de<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Esse fator estaria relacionado à maior probabili<strong>da</strong>de de uma pessoa <strong>negra</strong>que tenha morrido – e cujo evento vital tenha sido registrado <strong>no</strong>s órgãos oficiais –,com<strong>para</strong>tivamente a um morto de outro grupo racial, não tenha o seu grupo racial oude cor coletado (por limitações e falhas do declarante e/ou do profissional responsávelpelo registro), indo <strong>para</strong> as situações de registros de óbitos com raça/cor ig<strong>no</strong>ra<strong>da</strong>, oumesmo que tenha essa informação <strong>no</strong>tifica<strong>da</strong> dentro de um outro grupo racial ou de cor(branca, amarela). A resolução desse problema plenamente é um tanto quanto difícil,na medi<strong>da</strong> em que o preenchimento desse registro não depende, por razões evidentes,<strong>da</strong> própria pessoa que está sendo registra<strong>da</strong>. Ou seja, alguém interpreta o que julgaser a raça/cor <strong>da</strong>quele indivíduo que morreu. Por esse motivo, que pode ser derivadodo próprio modo de funcionamento do padrão brasileiro de relações raciais, não seriaestranho que pudesse estar ocorrendo um certo viés de branqueamento dos registrosdo SIM, tal como já foi possível debater <strong>no</strong> começo deste estudo. Na ver<strong>da</strong>de, talvezum atestado de óbito tão extenso não seja a melhor forma de se coletar informaçõesde pessoas que, comumente, tendo que resolver os problemas de encaminhamentodos procedimentos fúnebres dos seus parentes e pessoas queri<strong>da</strong>s, tendem a seencontrar psicologicamente muito abati<strong>da</strong>s. Por essa razão, talvez a maneira pelaqual as informações que constam <strong>no</strong>s registros do SIM são coleta<strong>da</strong>s tenham de serrepensa<strong>da</strong>s, incluindo <strong>no</strong>s questionários somente as informações efetivamente maisimportantes sobre o perfil do morto, tal como i<strong>da</strong>de, sexo, estado civil, naturali<strong>da</strong>de,causa de morte, local do falecimento, tipo de atendimento médico prestado, necropsiae, evidentemente, a raça/cor (esta, considera<strong>da</strong> como uma variável de fun<strong>da</strong>mentalimportância <strong>no</strong>s registros do SIM).De to<strong>da</strong> maneira, os principais problemas verificados <strong>no</strong> uso <strong>da</strong>s bases de registrosdo SIM <strong>para</strong> o estudo <strong>da</strong>s desigual<strong>da</strong>des raciais <strong>no</strong>s perfis <strong>da</strong> mortali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> população182Fun<strong>da</strong>ção Nacional de Saúde

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