12.07.2015 Views

Saúde da população negra no Brasil: contribuições para

Saúde da população negra no Brasil: contribuições para

Saúde da população negra no Brasil: contribuições para

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

na Região Metropolitana do Rio de Janeiro 46% dos habitantes são <strong>negra</strong>s e negros 37 .Segundo o Observatório Afro-<strong>Brasil</strong>eiro, portal <strong>da</strong> internet que disponibiliza <strong>da</strong>dos populacionaisoficiais segundo as características raciais, nessa região, 60% <strong>da</strong> populaçãoque vive abaixo <strong>da</strong> linha <strong>da</strong> pobreza é <strong>negra</strong>, enquanto apenas 39% é branca.Apesar de apresentarem proporcionalmente maior incidência de fatores de risco nagravidez como hipertensão, tabagismo, anemia, sífilis, segundo apontou a pesquisa, asmulheres <strong>negra</strong>s não obtiveram uma resposta correspondente ou os cui<strong>da</strong>dos necessáriosde parte do sistema de saúde. Por exemplo: na amostra estu<strong>da</strong><strong>da</strong>, 30% <strong>da</strong>s gestantes<strong>negra</strong>s relataram a necessi<strong>da</strong>de de recorrer a mais de um hospital até o momento <strong>da</strong>internação – enquanto as brancas que mencionaram o mesmo problema correspondiama 18,5%. Assinale-se que, segundo as pesquisadoras, as mulheres <strong>negra</strong>s fizeram até50% me<strong>no</strong>s consultas de pré-natal (entre 6 e 7 consultas) que as mulheres brancas(entre 9 e 12 consultas) (Leal 2003, p.9).No outro extremo, o uso de anestesia durante o parto – medi<strong>da</strong> questiona<strong>da</strong> enão recomen<strong>da</strong><strong>da</strong> pela Organização Mundial de Saúde, mas que tem sido utiliza<strong>da</strong> porprofissionais médicos como conforto <strong>para</strong> a mulher – foi um recurso disponibilizadoprincipalmente <strong>para</strong> mulheres brancas: na amostra, 12,1% <strong>da</strong>s mulheres <strong>negra</strong>s e 6,6%<strong>da</strong>s brancas não receberam anestesia durante o parto.Afirmaram as pesquisadoras:As diferenças observa<strong>da</strong>s <strong>no</strong> uso de anestésico não são explica<strong>da</strong>s pelamaior prevalência de cesárea nas brancas, pois elas foram detecta<strong>da</strong>sentre aquelas submeti<strong>da</strong>s ao parto <strong>no</strong>rmal (<strong>da</strong>dos não mostrados). Muitoembora o uso de anestésico durante o trabalho de parto <strong>no</strong>rmal não sejapreconizado como rotina de atendimento pela Organização Mundialde Saúde (WHO 1996) e pelo Ministério <strong>da</strong> Saúde do <strong>Brasil</strong> (MS 1991),é uma prática comum <strong>no</strong>s serviços obstétricos do município do Rio deJaneiro. (Leal, 2003, p. 11).Tal fato, segundo as pesquisadoras, foi relatado também em estudos <strong>no</strong>rteamerica<strong>no</strong>ssobre a maior utilização de anestesia peridural em mulheres brancas.Apesar <strong>da</strong> propala<strong>da</strong> escassez de <strong>da</strong>dos sobre as desigual<strong>da</strong>des raciais na saúde, emrazão <strong>da</strong> recusa sistemática de profissionais em fornecer informações adequa<strong>da</strong>s <strong>para</strong> estefim, bem como <strong>da</strong> i<strong>no</strong>perância dos serviços em tomar medi<strong>da</strong>s <strong>para</strong> frear esta recusa, aanálise dos indicadores <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1991-2001 do Ipea pode oferecer pistas, principalmente<strong>no</strong> que se refere ao acesso aos serviços. Os resultados levantados foram suficientes<strong>para</strong> os pesquisadores apontarem a desigual<strong>da</strong>de racial <strong>no</strong> acesso aos serviços de saúde.37. Observatório Afro-brasileiro (IE/UFRJ – IPDH), baseado <strong>no</strong>s micro<strong>da</strong>dos <strong>da</strong> amostra de 10% do Censo Demográficodo A<strong>no</strong> 2000 (IBGE). Disponível em: .322Fun<strong>da</strong>ção Nacional de Saúde

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!