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Saúde da população negra no Brasil: contribuições para

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O conceito de eqüi<strong>da</strong>de propõe tratamento desigual <strong>para</strong> os desiguais 27 . Pretos,indígenas e brancos são diferentes, ocupam espaços diferentes em <strong>no</strong>ssa socie<strong>da</strong>de,e “merecem tratamento diferenciado, de modo a eliminar/reduzir as desigual<strong>da</strong>desexistentes”. Se o conceito de eqüi<strong>da</strong>de vertical aponta tratamentos diferenciados <strong>para</strong>os desiguais, se estamos numa socie<strong>da</strong>de desigual, o tratamento igualitário que hojeé oferecido a pretos, indígenas e brancos está promovendo a desigual<strong>da</strong>de. E estasquestões não estão dimensiona<strong>da</strong>s nas formulações <strong>da</strong>s políticas de saúde.Os <strong>da</strong>dos aqui apresentados evidenciam desafios colocados <strong>para</strong> a diversi<strong>da</strong>dena implementação de políticas e na assistência de saúde de <strong>no</strong>ssas instituições.Para os implementadores de políticas do Sistema Único de Saúde é importanteenfatizar a importância do caminho percorrido na implantação do SUS com a publicação<strong>da</strong>s Normas Operacionais Básicas do SUS, as NOBs, e especialmente com a implantaçãodo Piso de Atenção Básica (PAB), com transferências automáticas de recursosdo Fundo Nacional de Saúde ao Fundo Municipal de Saúde, de acordo com o pla<strong>no</strong>municipal de saúde e com base <strong>no</strong> perfil de morbimortali<strong>da</strong>de. O PAB é consideradoum importante instrumento de redução <strong>da</strong> desigual<strong>da</strong>de 28 ao possibilitar a eqüi<strong>da</strong>dena prestação de serviços.A efetivi<strong>da</strong>de do SUS é medi<strong>da</strong> pela adesão à NOB nº 1/1996, que cobria, emdezembro de 2001, 99,9% <strong>da</strong> população, pelos custos e pelo número de procedimentosrealizado. A redução <strong>da</strong>s desigual<strong>da</strong>des é medi<strong>da</strong> pela participação de ca<strong>da</strong> região naprodução de procedimentos de ambulatórios e de cirurgias e o desafio que permanece<strong>para</strong> o implementador é o aumento de oferta (Negri, 2002). Embora essa questãoseja muito importante, a referência a essa única iniqüi<strong>da</strong>de deixa muito a desejar emtermos do impacto do SUS <strong>no</strong> perfil de morbimortali<strong>da</strong>de e nas mortes evitáveis dosdiversos segmentos <strong>da</strong> população. Principalmente quando esse segmento é a população<strong>negra</strong>.Uma prova disso é que, apesar do quesito raça/cor estar presente <strong>no</strong>s atestadosde óbito desde 1996, não se utiliza essa variável na análise dos <strong>da</strong>dos oficiais. Nossosgestores afirmam não existir diferenças <strong>no</strong> processo saúde doença e morte de negrose brancos. Outros acreditam que as diferenças existem, contudo suas causas, <strong>para</strong>estes, estão ligados apenas a fatores econômicos. Enfim, o preconceito consciente ouinconsciente, a ig<strong>no</strong>rância, a falta de atenção dos gestores e profissionais colocam osnegros em desvantagem, assim como contribuem <strong>para</strong> a inércia do sistema ante as desigual<strong>da</strong>desraciais/étnicas. A falta de priori<strong>da</strong>des nas ações institucionais incrementama vulnerabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> população <strong>negra</strong> ao adoecimento e à morte.27. Viana, 2001.28. Refere-se às desigual<strong>da</strong>des entre municípios.Saúde <strong>da</strong> popupalação <strong>negra</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: Contribuições <strong>para</strong> a Promoção <strong>da</strong> Eqüi<strong>da</strong>de307

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