12.07.2015 Views

Saúde da população negra no Brasil: contribuições para

Saúde da população negra no Brasil: contribuições para

Saúde da população negra no Brasil: contribuições para

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ao agente etiológico e me<strong>no</strong>s às condições de vi<strong>da</strong> e meio ambiente. Pesquisam-se vacinas,micróbios, técnicas de assepsia, antibióticos (Susser & Susser, 1996). Esta vertenteconduz ao reducionismo laboratorial e ao <strong>para</strong>digma <strong>da</strong> mo<strong>no</strong>causali<strong>da</strong>de, atribuindoa um germe to<strong>da</strong>s as manifestações <strong>da</strong> doença. Predomina a concepção mecânica <strong>da</strong>relação causa-efeito, transposta às demais doenças. A saúde pública atua pelo controledos agentes infecciosos e <strong>da</strong> redução <strong>da</strong> probabili<strong>da</strong>de de adoecer.A potencial resolução <strong>da</strong>s infecções por meio de quarentena, imunização ouantibióticos permitiu a emergência <strong>da</strong>s doenças crônicas e do “<strong>para</strong>digma <strong>da</strong> caixapreta”.A epidemiologia, desvesti<strong>da</strong> de uma hipótese causal, desenvolve complexosmétodos e técnicas estatísticas <strong>para</strong> identificar associações entre distribuição de fatoresde risco e doenças na população. Predomina a concepção <strong>da</strong> rede causal e <strong>da</strong> interaçãode múltiplos fatores, entre os quais comportamentos individuais. O foco <strong>da</strong> análisecontinua <strong>no</strong> indivíduo, o contexto se perde. A incapaci<strong>da</strong>de de articular conceitualmentea distribuição <strong>da</strong>s doenças às desigual<strong>da</strong>des sociais ocasiona varreduras indiscrimina<strong>da</strong>sde associações estatísticas sem poder explicativo – a caixa-preta (Susser & Susser,1996). No pla<strong>no</strong> <strong>da</strong> ação, além <strong>da</strong> cobertura diagnóstica com exames laboratoriais eterapêutica com drogas principais, coadjuvantes, inibidoras de efeitos colaterais, retomasea exortação a comportamentos individuais saudáveis e seguros pelas campanhaseducativas.Um <strong>no</strong>vo velho <strong>para</strong>digma se fortalece baseado <strong>no</strong>s avanços <strong>da</strong> pesquisagenética – busca-se a explicação <strong>da</strong> suscetibili<strong>da</strong>de individual <strong>no</strong> recôndito dosgenes, é a decodificação <strong>da</strong> caixa-preta. Certamente seu potencial terapêutico advirádos progressos <strong>da</strong> engenharia genética. A discussão a ser coloca<strong>da</strong>, então, será sobreo acesso individual ou populacional às técnicas de manipulação genética.Às correntes positivista e fe<strong>no</strong>me<strong>no</strong>lógica, a Epidemiologia Social contrapõeconcepções dialéticas e estruturalistas. No pla<strong>no</strong> conceitual, estabelece níveishierárquicos de determinação e desenvolve métodos de estudo do processo saúdedoençaa partir <strong>da</strong> causali<strong>da</strong>de social historicamente específica de ca<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>deou grupo social. Seus fun<strong>da</strong>mentos conceituais e metodológicos são politicamenteengajados e se pretendem instrumentos de mu<strong>da</strong>nças sociais (Breilh, 1987).O desafio é estu<strong>da</strong>r como o contexto socioeconômico mol<strong>da</strong> os padrões desaúde e doença determinados pelas condições de vi<strong>da</strong>. No pla<strong>no</strong> geral, a reproduçãosocial <strong>da</strong>s condições de vi<strong>da</strong> é coerente com a lógica <strong>da</strong> acumulação capitalista. Emseu interior, formas particulares e multidimensionais de reprodução refletem relaçõesespecíficas entre grupos sociais na produção e trabalho, consumo individual e coletivo(mediados pelo mercado e políticas redistributivas do estado), relação com o territórioe relações políticas, culturais e ideológicas incluindo o processo biopsíquico huma<strong>no</strong>(Laurell, 1982).238Fun<strong>da</strong>ção Nacional de Saúde

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!