Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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4.2.1- A teoria explicitada<br />
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Observamos, <strong>em</strong> uma análise prévia da teoria <strong>de</strong> escrita apresentada no corpus,<br />
que a base teórica <strong>de</strong> produção escrita, que <strong>de</strong>veria sustentar as aulas no estágio<br />
supervisionado, não está b<strong>em</strong> <strong>de</strong>lineada, não obe<strong>de</strong>cendo a uma or<strong>de</strong>m lógica. Encontramos<br />
no material analisado relatórios cujos textos tratam apenas da orig<strong>em</strong> da escrita, outros que só<br />
tratam da avaliação do texto escrito na escola, e outros que tratam do processo da<br />
aprendizag<strong>em</strong> da escrita pela criança. Não exist<strong>em</strong>, no material analisado, textos que abor<strong>de</strong>m<br />
diretamente o processo interativo que dá sustentação aos textos escritos. Dessa forma, nossa<br />
visualização da teoria que o professorando segue, afirma seguir ou é orientado a seguir, na<br />
prática dos estágios, é baseada <strong>em</strong> trechos fragmentados dos textos teóricos apresentados nos<br />
relatórios.<br />
Essa forma caótica <strong>de</strong> apresentação da base teórica da produção escrita dificulta<br />
sobr<strong>em</strong>aneira nossa análise <strong>de</strong>ste eixo do ensino <strong>de</strong> língua portuguesa. Como enten<strong>de</strong>mos ser<br />
a produção textual na escola resultante <strong>de</strong> um trabalho <strong>de</strong> leitura, esperávamos encontrar essa<br />
correlação na organização da prática <strong>de</strong> escrita. Contudo, efetivamente, não é isso o que<br />
ocorre quando o professorando trabalha com escrita no estágio supervisionado, ou seja, o<br />
trabalho com a produção textual, quando acontece, na maioria das vezes, não está vinculado à<br />
leitura e exercícios que visam preparar o aluno para a escrita. Um ex<strong>em</strong>plo é uma solicitação<br />
<strong>de</strong> escrita que aparece nos relatórios:<br />
“Você apren<strong>de</strong>u a preencher o envelope e como as cartas são enviadas, agora escreva<br />
uma carta para ser enviada.”<br />
A forma como a escrita do gênero carta é solicitada indica que o<br />
professorando enten<strong>de</strong>u que, uma vez explicado o processo <strong>de</strong> envio <strong>de</strong> uma<br />
correspondência, provavelmente via correio, a criança estaria habilitada a escrever uma<br />
carta, mesmo s<strong>em</strong> antes ter trabalhado com as especificida<strong>de</strong>s do gênero.V<strong>em</strong>os<br />
frustrada, <strong>de</strong>ssa maneira, nossa expectativa <strong>de</strong> encontrar práticas <strong>de</strong> ensino-<br />
aprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong> escrita coerentes com as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> leitura apresentadas nos<br />
relatórios: resultantes <strong>de</strong> uma leitura, seja concebida como extração <strong>de</strong> significados do