Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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O texto poético, neste caso, é a<strong>de</strong>quado para a ida<strong>de</strong>/série (6 a 10 anos – 1ª série)<br />
por tratar-se <strong>de</strong> um po<strong>em</strong>a cujo conteúdo r<strong>em</strong>ete ao mundo infantil, suscitando imagens<br />
próprias do dia-a-dia da criança, que po<strong>de</strong>, por meio da leitura, sentir-se sujeito ao <strong>de</strong>slocar-se<br />
para o lugar do eu poético. Dessa forma, ela passará pelas mesmas reflexões, ao reconstruir as<br />
imagens representadas no material lingüístico, tornando a leitura, mais do que uma vivência<br />
escolar, uma experiência capaz <strong>de</strong> ultrapassar os limites do t<strong>em</strong>po e do espaço e atingir a<br />
essência dos sentimentos humanos.<br />
É o que propõe Kramer (2001), ao <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r que a leitura como experiência é aquela<br />
que se torna ponte para experiências vividas antes e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>la, s<strong>em</strong> limite t<strong>em</strong>poral ou<br />
espacial. Dessa forma, a leitura experiência caracteriza-se como aprendizado capaz <strong>de</strong> realizar<br />
<strong>de</strong>slocamentos no sentido da humanização e do conhecimento, enquanto a leitura como<br />
vivência é aquela que se encerra no limite das l<strong>em</strong>branças, porque é retida até o momento <strong>em</strong><br />
que estas se apagam da m<strong>em</strong>ória do sujeito.<br />
Mesmo s<strong>em</strong> apresentar nenhum comando referente a exercícios gramaticais para<br />
abordar o texto, é possível inferir, pela anotação no alto da folha (substantivo próprio e<br />
comum) e pelos <strong>de</strong>staques nas palavras do texto, que o professorando consi<strong>de</strong>rou que a criança<br />
já possuía clareza da divisão das palavras <strong>em</strong> classes gramaticais (pelo menos, substantivos e<br />
adjetivos), e solicitou, provavelmente <strong>de</strong> forma oral ou escrita apenas no quadro <strong>de</strong> giz, que a<br />
turma circulasse <strong>em</strong> azul os substantivos próprios e grifasse <strong>em</strong> vermelho os substantivos<br />
comuns, r<strong>em</strong>etendo-nos, <strong>de</strong>ssa forma, a Perini (2005 p. 41) quando afirma que:<br />
uma coisa que nos <strong>de</strong>veriam ter dito na escola (mas <strong>em</strong> geral não<br />
disseram) é por que a gente precisa separar as palavras <strong>em</strong> classes.<br />
Ora a razão, é s<strong>em</strong>elhante à que nos obriga a separar os animais <strong>em</strong><br />
classes, or<strong>de</strong>ns, espécies, etc.: classificamos as palavras para<br />
po<strong>de</strong>rmos tratar <strong>de</strong>las com o mínimo <strong>de</strong> economia.<br />
Trilhando os caminhos percorridos pelo autor no que se refere à separação das<br />
palavras <strong>em</strong> classe, não nos parece ilegítimo levar o aluno a enten<strong>de</strong>r tal divisão, todavia é<br />
inaceitável propor essa separação no momento da escolarida<strong>de</strong> <strong>em</strong> que a preocupação maior<br />
<strong>de</strong>veria ser a <strong>de</strong> levar a criança a se apaixonar pelo estudo <strong>de</strong> uma língua que ela já domina na<br />
oralida<strong>de</strong> e cujos encantos na modalida<strong>de</strong> escrita está <strong>de</strong>scobrindo. A esse respeito Franchi<br />
(1991) afirma que nas primeiras séries