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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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- Gabriel vê se da proxima ves mais cuidado para não <strong>de</strong>ixar cair a gaiola no chão <strong>de</strong>novo.<br />

117<br />

A qualida<strong>de</strong> do texto produzido pelo aluno está diretamente veiculada à tentativa<br />

<strong>de</strong> ensinar a criança a produzir texto na modalida<strong>de</strong> dialogada, a partir <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

diálogo que não reproduz a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um ato <strong>de</strong> conversação. Aqui, mais uma vez, o ato <strong>de</strong><br />

escrever é reduzido ao cumprimento da tarefa escolar, constituindo-se, assim, na produção<br />

textual caracterizada por Geraldi (1997) como o texto escrito para a escola e não na escola.<br />

Além disso, nenhuma das pr<strong>em</strong>issas da escrita <strong>de</strong>fendidas pelo experiente autor (p. 137), na<br />

<strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> que a escrita exige que: “a) se tenha o que dizer; b) se tenha uma razão para dizer o<br />

que se t<strong>em</strong> a dizer; c) se tenha para qu<strong>em</strong> dizer o que se t<strong>em</strong> a dizer; d) o locutor se constitua<br />

como tal, enquanto sujeito que diz o que diz para qu<strong>em</strong> diz; e) escolha as estratégias para<br />

realizar (a), (b), (c), e (d), foram n<strong>em</strong> <strong>de</strong> longe ventiladas pelo professorando, atitu<strong>de</strong> que<br />

colabora para que o resultado do texto da criança esteja coerente com o trabalho <strong>de</strong><br />

preparação para essa escrita, ou seja, o texto ruim é resultante <strong>de</strong> um trabalho <strong>de</strong> leitura<br />

também ruim.<br />

Não estamos criticando o estagiário por ter usado o diálogo entre pares como<br />

objeto <strong>de</strong> estudos, entretanto, há <strong>de</strong> ser questionada a forma como esse estudo é realizado.<br />

Segundo Ticks (2005), a produção e o estudo do texto dialogado só t<strong>em</strong> sentido quando se<br />

preten<strong>de</strong> trabalhar o evento comunicativo, e esse trabalho não po<strong>de</strong> ocorrer <strong>de</strong>scolado do<br />

trabalho com as instituições e organizações nas quais ele po<strong>de</strong> acontecer. Para a autora, “tal<br />

estudo <strong>de</strong>ve incluir as interrupções que faz<strong>em</strong>os para que o outro repita ou explique algo que<br />

não enten<strong>de</strong>mos, falas simultâneas, hesitações, ina<strong>de</strong>quações gramaticais, interjeições etc.”<br />

(p.29)<br />

Dessa forma, enten<strong>de</strong>mos que o diálogo po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve ser abordado na escola, visto<br />

que ele é a base da comunicação, além <strong>de</strong> ser um recurso na construção escrita <strong>de</strong> gêneros <strong>de</strong><br />

várias esferas, como as narrativas, por ex<strong>em</strong>plo. Contudo, <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser observadas e alargadas<br />

as fronteiras do diálogo apresentado como objeto <strong>de</strong> estudos, para que assim o aluno consiga<br />

percebê-lo como um todo. O estudo do diálogo inserido <strong>em</strong> uma prática social po<strong>de</strong> ser útil<br />

inclusive para que a criança perceba o momento da escuta como um momento produtivo no<br />

ato <strong>de</strong> conversação, haja vista a gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> que a criança <strong>em</strong> ida<strong>de</strong> escolar t<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

escutar o outro, <strong>de</strong> dar espaço para a atuação comunicativa do outro. Essa característica<br />

própria da criança t<strong>em</strong> gerado inclusive probl<strong>em</strong>as relacionados à indisciplina escolar e, o

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