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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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a interação estabelecida, no monólogo, entre aquele que fala e aquele que ouve: tanto ela<br />

existe que, na arte dramática, os monólogos que sobreviv<strong>em</strong> são os que verda<strong>de</strong>iramente<br />

ating<strong>em</strong> o público, pelas mais diferentes formas <strong>de</strong> <strong>em</strong>oção. Constatamos, <strong>de</strong>ssa forma, a<br />

valorização, no interior <strong>de</strong> nossa cultura, do princípio dialógico da linguag<strong>em</strong> <strong>de</strong>fendido por<br />

Bakthin.<br />

Para o autor, o dialogismo acontece porque é da natureza da palavra querer ser<br />

ouvida, buscar uma compreensão “responsiva”, já que todo texto produzido visa atingir, <strong>de</strong><br />

alguma forma, seu interlocutor, <strong>de</strong> maneira que esse retorne a comunicação a partir da<br />

recepção e compreensão do mesmo, aceitando-o, recusando-o, aplicando-o, <strong>completa</strong>ndo-o,<br />

ou respon<strong>de</strong>ndo a ele <strong>de</strong> alguma maneira (posição responsiva do ouvinte). Assim como para o<br />

hom<strong>em</strong>, nada é mais <strong>de</strong>sorientador para a palavra do que a falta <strong>de</strong> resposta do outro. Se<br />

consi<strong>de</strong>rarmos esse caráter dialógico, essa necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resposta, todo texto busca <strong>de</strong> certa<br />

maneira exercer uma influência didática sobre o seu interlocutor, convencê-lo, <strong>de</strong>spertar uma<br />

apreciação crítica <strong>em</strong> relação ao seu conteúdo. O texto que estamos escrevendo, por ex<strong>em</strong>plo,<br />

é uma tentativa <strong>de</strong> construir um aparato teórico, a partir do qual buscamos fundamentação<br />

para a análise <strong>de</strong> um corpus; mas é também um esforço <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar ao leitor que<br />

enten<strong>de</strong>mos teorias que nos são úteis <strong>em</strong> nosso trabalho.<br />

Garcez (1998), a partir <strong>de</strong> sua leitura <strong>de</strong> Bakhtin e Vygotsky, consi<strong>de</strong>ra a<br />

linguag<strong>em</strong> como ação, como um produto/processo que se modifica no t<strong>em</strong>po e que sofre<br />

influências profundas, <strong>de</strong> acordo com o contexto social no qual ocorre. Para a autora, a<br />

linguag<strong>em</strong> não po<strong>de</strong> ser vista como algo lógico e imanente, mas precisa ser consi<strong>de</strong>rada como<br />

um conjunto <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>s utilizadas <strong>de</strong> acordo com a experiência que o falante t<strong>em</strong> a respeito<br />

da língua e <strong>de</strong> acordo com seus propósitos e necessida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> surge a noção <strong>de</strong><br />

competência, “[..] a habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um falante para construir novas sentenças apropriadas à<br />

situação [...]” (GARCEZ 1998, p. 47). Dessa forma, as noções <strong>de</strong> competência e a<strong>de</strong>quação se<br />

<strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> juntas e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da experiência social, <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> motivações que<br />

alimentam a aquisição da língua e promove sua a<strong>de</strong>quação a diferentes situações, o que<br />

reafirma a relevância da interação para a linguag<strong>em</strong> e para a sobrevivência do hom<strong>em</strong> <strong>em</strong><br />

socieda<strong>de</strong>. A base das afirmações da autora po<strong>de</strong> ser encontrada <strong>em</strong> Perini (1976, p.07), que,<br />

tratando da teoria gerativista elaborada por Chomsky (1998), afirma:<br />

O uso que faz<strong>em</strong>os da língua [...] se <strong>de</strong>nomina <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho. O <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho<br />

é, afinal, aquilo que efetivamente realizamos quando falamos (ou quando<br />

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