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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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implicaria ver a gramática como o estudo das condições lingüísticas da significação, como<br />

propõe Franchi (1991).<br />

151<br />

O resultado é que a criança <strong>de</strong>staca acertadamente os substantivos próprios,<br />

provavelmente por ter sido orientada que os nomes próprios iniciam-se por letras maiúsculas e<br />

que nome <strong>de</strong> pessoas são substantivos próprios, mas enten<strong>de</strong> como substantivo comum o<br />

adjetivo velho (2º estrofe 1º verso), o pronome pessoal oblíquo comigo (2º estrofe, 4º verso), e<br />

o numeral sétimo (5º estrofe, 2º verso). A dificulda<strong>de</strong> da criança para reconhecer o substantivo<br />

comum é muito natural; o que não é natural n<strong>em</strong> tampouco concebível é aceitar que exercícios<br />

<strong>de</strong>ssa natureza sejam aplicados <strong>em</strong> salas <strong>de</strong> alunos <strong>de</strong> seis a <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, que, ao<br />

esforçar-se para resolvê-los, <strong>de</strong>sencantam-se com o estudo da língua portuguesa e apren<strong>de</strong>m a<br />

vê-lo como inútil, como comumente é classificado pelos estudantes <strong>em</strong> fases mais avançadas<br />

<strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>.<br />

Quanto ao po<strong>em</strong>a, excetuando os fins propostos no estágio, é um material muito<br />

rico para o trabalho na ida<strong>de</strong>/série, visto que apresenta t<strong>em</strong>ática e linguag<strong>em</strong> a<strong>de</strong>quada para<br />

essa criança, e trabalha com um jogo <strong>de</strong> sentidos que, <strong>de</strong> forma lúdica, provoca o aluno a<br />

refletir sobre a capacida<strong>de</strong> plástica que as palavras possu<strong>em</strong>, ao assumir diferentes sentidos nos<br />

diferentes contextos. Se pensarmos que o advérbio funciona no texto como uma forma<br />

carinhosa <strong>de</strong> tratamento do eu poético ao se referir aos amigos (Ana Lúcia da esquina),<br />

po<strong>de</strong>mos enten<strong>de</strong>r a posição subjetiva do eu poético por meio do advérbio adjetivado. Para<br />

Benites, Moraes e Silva (2004) “O advérbio, quando nominal, reflete a mesma subjetivida<strong>de</strong><br />

do adjetivo; quando pronominal, faz menção ao t<strong>em</strong>po e ao lugar da enunciação, ambos<br />

<strong>de</strong>finidos e <strong>de</strong>limitados pelo sujeito do discurso.” (p.05).<br />

É relevante observar, também, que o texto é construído <strong>de</strong> tal forma, que<br />

gradativamente o autor vai instigando a criança a ler na última estrofe que o en<strong>de</strong>reço dos<br />

amigos verda<strong>de</strong>iros é o coração: O nome completo <strong>de</strong>les /eu nunca sei, ou esqueço./Amigo não<br />

t<strong>em</strong> sobrenome: /amigo t<strong>em</strong> en<strong>de</strong>reço. A <strong>de</strong>scoberta dos sentidos que conclu<strong>em</strong> o texto,<br />

bastaria para validar o material usado no ensino-aprendizag<strong>em</strong> na 1ª série e, certamente,<br />

recompensaria todo ao esforço que a criança <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>u no ato da leitura.<br />

Contudo, infelizmente, da forma como foi trabalhado, o po<strong>em</strong>a se torna um objeto<br />

lingüístico, cuja beleza fica ofuscada ou <strong>completa</strong>mente apagada por exercícios que consist<strong>em</strong><br />

<strong>em</strong> levar a criança somente a i<strong>de</strong>ntificar subclasses <strong>de</strong> classes gramaticais, ativida<strong>de</strong>s que não<br />

são significativas para melhorar seu <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho lingüístico.

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