Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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evelam poucos sinais <strong>de</strong> supervisão efetiva. Essa observação v<strong>em</strong> sendo feita <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início<br />
<strong>de</strong> nossas análises, quando constatamos o <strong>de</strong>scaso com a preparação do material didático já no<br />
ensino <strong>de</strong> leitura e <strong>de</strong> produção textual.<br />
137<br />
Dessa forma, os textos presentes no capítulo teórico dos relatórios <strong>de</strong> estágio, foco<br />
<strong>de</strong> nossa atenção nesta seção, apresentam-se, na maioria das vezes, como cópias <strong>de</strong>scuidadas<br />
(com vários probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> grafia) e fragmentos <strong>de</strong> textos, cujos autores são omitidos e, <strong>em</strong> cujo<br />
conteúdo, não há nenhuma interferência do aluno/professor. Outras vezes, os textos são<br />
copiados diretamente da internet para o relatório, s<strong>em</strong> qualquer reflexão sobre as teorias que<br />
<strong>de</strong>veriam servir <strong>de</strong> sustentáculo à prática docente.<br />
Os poucos textos teóricos que o professorando inclui <strong>em</strong> seus relatórios <strong>de</strong> estágio<br />
abordam, apenas indiretamente, o ensino <strong>de</strong> gramática, um t<strong>em</strong>a tão palpitante na aca<strong>de</strong>mia,<br />
s<strong>em</strong> criticar (ou mesmo reconhecer) tais textos como normativistas ou como pura<br />
metalinguag<strong>em</strong> gramatical, como seria <strong>de</strong> se esperar <strong>em</strong> textos teóricos do gênero. Isso<br />
significa que ainda há muito a falar sobre o ensino <strong>de</strong> língua materna focalizado na gramática<br />
normativa e na metalinguag<strong>em</strong> gramatical.<br />
Um dos textos teóricos incluído nos relatórios, intitulado “Como trabalhar com o<br />
erro na escrita da criança: como e quando corrigir?” busca conscientizar o professor <strong>de</strong> que a<br />
correção do material lingüístico produzido pelo aluno <strong>de</strong>ve voltar-se para o ponto <strong>de</strong> vista<br />
enunciativo-discursivo; trata dos parâmetros que o professor <strong>de</strong>ve seguir, ao corrigir a<br />
produção escrita das crianças. Refletindo o conceito <strong>de</strong> gramática <strong>de</strong>fendido, <strong>em</strong> tese, pelo<br />
professorando, o texto propõe que o professor procure enten<strong>de</strong>r, por meio do que é chamado <strong>de</strong><br />
erro, o porquê da forma grafada <strong>de</strong> maneira equivocada pela criança.<br />
Conforme o texto, “o erro na escrita da criança po<strong>de</strong> permitir ao professor<br />
perceber se ela está buscando respostas para suas dúvidas e questionamentos.” O excerto<br />
recomenda que o professor consi<strong>de</strong>re s<strong>em</strong>pre os entornos cognitivos que levaram a<br />
<strong>de</strong>terminada grafia, fazendo intervenções que objetiv<strong>em</strong> o crescimento intelectual da criança e<br />
não a punição pelo “erro”.<br />
Um professor que segue tal metodologia não vê <strong>de</strong> forma negativa o fato <strong>de</strong> a<br />
criança escrever frases como: “Eu di o meu lápis para o Pedrinho”, por ex<strong>em</strong>plo, por<br />
consi<strong>de</strong>rar que o “erro” evi<strong>de</strong>ncia que a criança já enten<strong>de</strong>u a regularida<strong>de</strong> na conjugação<br />
verbal (o morf<strong>em</strong>a {-i}, indicador <strong>de</strong> 1ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo,<br />
na 2ª e 3ª conjugações). Conseqüent<strong>em</strong>ente, ao mostrar à criança a forma consi<strong>de</strong>rada correta,<br />
po<strong>de</strong>, inclusive, tecer elogios <strong>em</strong> relação a seu avanço na percepção das formas verbais e levá-<br />
la a perceber que a língua possui uma estrutura que não po<strong>de</strong> ser alterada conforme a vonta<strong>de</strong>