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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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professores a enten<strong>de</strong>m apenas como <strong>de</strong>codificação <strong>de</strong> signos lingüísticos. Nesse caso, todas<br />

as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> leitura que po<strong>de</strong>riam levar o aluno a se tornar um leitor competente ficam<br />

comprometidas, visto que os exercícios voltados para o texto se tornam mecânicos,<br />

requerendo somente que o aluno <strong>de</strong>codifique, i<strong>de</strong>ntifique partes do texto, complete lacunas e<br />

uma série <strong>de</strong> automatismos que <strong>de</strong>mandam somente um passar <strong>de</strong> olhos pelo texto para<br />

i<strong>de</strong>ntificar as respostas. Para a autora, esse é o tipo <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> leitura que não contribui para<br />

alterar a visão <strong>de</strong> mundo do leitor, n<strong>em</strong> o torna capaz <strong>de</strong> intervir na socieda<strong>de</strong>, objetivo maior<br />

do ensino <strong>de</strong> leitura.<br />

O que a escola parece fazer hoje, salvo raras exceções, é <strong>de</strong>limitar a leitura ao<br />

âmbito escolar, concebendo-a apenas como um <strong>de</strong>cifrar <strong>de</strong> signos, ou transformando aquilo<br />

que seria somente o início do processo <strong>em</strong> finalida<strong>de</strong> máxima do ato <strong>de</strong> ler, por <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar<br />

sua estreita ligação com o interior e o exterior do sujeito leitor, e ignorar que a ausência <strong>de</strong>ssa<br />

ligação automatiza a leitura, levando-a, fatalmente, a ser rejeitada.<br />

A leitura, produção tão ativa quanto a produção textual, acontece ao dar ao<br />

texto nova vida, ao <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar um processo criativo <strong>de</strong> compreensão e<br />

interpretação <strong>em</strong> face do mundo exterior percebido e do mundo subjetivo <strong>de</strong><br />

cada leitor. (KLEIMAN, 1993, p. 71)<br />

A autora conclui que o professor age <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula como mero intérprete do<br />

autor, (e acrescentamos, como mero <strong>de</strong>codificador do signo, o que consi<strong>de</strong>ramos mais grave!)<br />

e um repetidor das ativida<strong>de</strong>s do livro didático, quando <strong>de</strong>veria ser um “mo<strong>de</strong>lo i<strong>de</strong>al a ser<br />

imitado pela criança na resolução <strong>de</strong> tarefas cognitivas complexas que estão além da<br />

capacida<strong>de</strong> real da criança.” (p.24)<br />

Um outro probl<strong>em</strong>a que observamos <strong>em</strong> todos os níveis <strong>de</strong> escolarização é a<br />

tentativa <strong>de</strong> padronização da leitura. Muito <strong>em</strong>bora o aprofundamento no assunto do texto, no<br />

ato da leitura, aconteça <strong>de</strong> forma diferenciada para cada indivíduo, visto que não há<br />

homogeneida<strong>de</strong> absoluta na construção histórica e social dos indivíduos, a escola, que <strong>em</strong><br />

princípio teria a função <strong>de</strong> criar leitores maduros, tenta e, infelizmente, muitas vezes,<br />

consegue <strong>de</strong>senvolver leitores <strong>em</strong> série, pela uniformização da leitura. Essa padronização<br />

consi<strong>de</strong>ra o mo<strong>de</strong>lo pré-estabelecido pelo social, tomando como mo<strong>de</strong>lo i<strong>de</strong>al aquele que<br />

reproduz os valores eleitos pela classe dominante. Isso mostra que os professores são<br />

incoerentes quando reclamam que os alunos não têm idéias para redigir, e que os textos<br />

parec<strong>em</strong> cópias um dos outros. Surpreen<strong>de</strong>nte seria se o aluno, após ter sido submetido à<br />

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