Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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probl<strong>em</strong>as, tendo já vencido a dificulda<strong>de</strong> com a indicação <strong>de</strong> nasalida<strong>de</strong>, própria da<br />
alfabetização, uma vez que escreve várias palavras que exig<strong>em</strong> esse conhecimento (importante,<br />
plantas, t<strong>em</strong>po etc) e confirma o conhecimento pelo erro na palavra “muito”, que, por possuir<br />
um ditongo nasal, é grafado como “muinto” pelo aluno.<br />
141<br />
No nível da sílaba, o pequeno escritor apresenta dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> perceber a<br />
separação <strong>de</strong> vocábulos formais que se juntam para formar vocábulos fonológicos <strong>em</strong><br />
“asplantas” e” sequenar”, (“as plantas” e “se queimar”). Tanto o artigo “as” quanto o<br />
pronome “se”, <strong>em</strong>bora separados por espaços <strong>em</strong> branco e, portanto, constituindo vocábulos<br />
formais, carec<strong>em</strong> <strong>de</strong> autonomia fônica, por ser<strong>em</strong> monossílabos átonos, que se comportam<br />
como sílabas pós-tônicas ou pré-tônicas (como nos casos <strong>em</strong> questão).<br />
O nível ortográfico talvez esteja mais comprometido pela dificulda<strong>de</strong> natural que a<br />
criança apresenta na percepção das grafias “s” e “ss” para o fon<strong>em</strong>a /s/, quando <strong>em</strong> posição<br />
intervocálica.<br />
No nível da frase, a variação na concordância “as planta” e <strong>em</strong> outro momento “as<br />
plantas” indicam a interferência da linguag<strong>em</strong> oral na escrita, visto que, para o falante que não<br />
domina a linguag<strong>em</strong> culta, é comum apenas a marca <strong>de</strong> plural no <strong>de</strong>terminante <strong>de</strong> um<br />
sintagma, mas indica também que o processo escolar está influenciando o texto da criança.<br />
Para Geraldi (ibi<strong>de</strong>m, p.144)<br />
titubear entre uma forma e outra é resultado obvio <strong>de</strong> contraponto e<br />
revela que também nas varieda<strong>de</strong>s lingüísticas há circulação <strong>de</strong><br />
formas. As diferenças po<strong>de</strong>m i<strong>de</strong>ntificar cada varieda<strong>de</strong>, mas as<br />
s<strong>em</strong>elhanças mostram seus entrecruzamentos.<br />
No nível do texto, se pensarmos nas condições que Geraldi (1997) propõe, para a<br />
produção <strong>de</strong> textos na escola, v<strong>em</strong>os que a criança assume-se como locutor ao se incluir no<br />
texto, por meio do <strong>em</strong>prego da primeira pessoa do plural (nós não po<strong>de</strong>mos) e pelo<br />
posicionamento <strong>em</strong> relação à argumentação. Dessa forma, apesar <strong>de</strong> haver variação na forma,<br />
percebe-se que ocorre por <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> concordância e não pela negação do sujeito escritor.<br />
No que se refere a ter o que dizer, a criança está prenhe <strong>de</strong> informações assimiladas<br />
na aula <strong>de</strong> ciências e nos discursos sociais que focalizam a importância e os perigos da luz<br />
solar para o hom<strong>em</strong>. Portanto, como já vimos, conteúdo para a escrita não é probl<strong>em</strong>a para a<br />
criança.