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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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s<strong>em</strong>pre à frente do hom<strong>em</strong>, então recortavam esses textos e os colavam na ponta dos <strong>de</strong>dos<br />

dos pés e faziam tiaras contendo partes <strong>de</strong>sses textos para amarrar na cabeça, na crença <strong>de</strong> que<br />

assim estariam levando a palavra <strong>de</strong> Deus à frente do hom<strong>em</strong>. Tal atitu<strong>de</strong>, sob a perspectiva<br />

<strong>de</strong>ssa teoria, po<strong>de</strong> ser explicada pelo entendimento do leitor <strong>de</strong> que todo o significado está no<br />

texto, restando-lhe enten<strong>de</strong>r o que está escrito, s<strong>em</strong> fazer intervenção no objeto lingüístico.<br />

Enten<strong>de</strong>mos que para muitos professores essa concepção <strong>de</strong> leitura ainda seja<br />

<strong>de</strong>terminante nos fazeres pedagógicos; prova disso é a queixa <strong>de</strong> professores <strong>de</strong> História, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, que reclamam que os alunos vê<strong>em</strong> o livro como um “todo po<strong>de</strong>roso” porque,<br />

quando é apontado um erro <strong>de</strong> informação no livro, o aluno s<strong>em</strong>pre duvida, argumentando<br />

que se está escrito, está correto. Acreditamos que isso se <strong>de</strong>ve não só à supervalorização da<br />

escrita, mas também ao conceito <strong>de</strong> leitura como extração <strong>de</strong> significado do texto,<br />

entendimento que não contribui para a formação do leitor crítico tão <strong>de</strong>sejado pelas escolas.<br />

A abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> leitura como atribuição <strong>de</strong> significado ao texto, a nosso ver, é um<br />

pouco menos probl<strong>em</strong>ática do que a abordag<strong>em</strong> anteriormente comentada, uma vez que, <strong>de</strong><br />

fato, é o leitor que atribui um significado ao texto <strong>de</strong>ntre tantos que ele passa a veicular. O<br />

probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong>sta concepção <strong>de</strong> leitura está na <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração do objeto lingüístico e do<br />

entorno que envolve a leitura. Nessa visão <strong>de</strong> leitura, o leitor adquire papel fundamental, uma<br />

vez que é ele qu<strong>em</strong> atribui significado ao texto e, esse significado <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do conhecimento<br />

prévio do leitor. Segundo Coracini (1995, p.14), “nessa concepção, o bom leitor é aquele que<br />

é capaz <strong>de</strong> percorrer as marcas <strong>de</strong>ixadas pelo autor para chegar à formulação <strong>de</strong> suas idéias e<br />

intenções”. Estas estão subordinadas ao conhecimento sócio-histórico previamente acumulado<br />

pelo leitor.<br />

Como a atenção nessa abordag<strong>em</strong> está voltada para o leitor, o texto passa a ser<br />

visto sob dois aspectos: por um lado oferece lacunas, que serão preenchidas <strong>em</strong> menor ou<br />

maior grau, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da familiarida<strong>de</strong> que o leitor tenha com o assunto tratado pelo texto,<br />

ou seja, quanto mais conhecimento prévio o leitor possuir <strong>em</strong> relação ao objeto <strong>de</strong> leitura,<br />

mais lacunas será capaz <strong>de</strong> preencher; por outro lado, as informações po<strong>de</strong>m ser redundantes,<br />

oferecendo informações além das <strong>de</strong>sejadas pelo leitor. Neste caso, cabe a ele selecionar as<br />

informações conforme seus objetivos. Ao focalizarmos o texto tanto pelo aspecto da<br />

redundância como pelo aspecto das lacunas, a função do leitor é fundamental, visto que nos<br />

dois casos ele é chamado a intervir no texto.<br />

Nesta abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> leitura, as inferências têm lugar garantido, pois a qualida<strong>de</strong> da<br />

leitura não está vinculada necessariamente às gran<strong>de</strong>s obras clássicas, mas à experiência que<br />

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