Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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Portanto, o conhecimento prévio do leitor <strong>em</strong> relação a esses diferentes níveis e o<br />
material fornecido pelo texto são acionados, concomitant<strong>em</strong>ente, no ato da leitura, e<br />
<strong>de</strong>terminam a compreensão ou não do texto. Dessa forma, a compreensão textual é<br />
<strong>de</strong>terminada tanto pelo leitor e pelo texto, quanto pela intencionalida<strong>de</strong> ou propósito do leitor,<br />
pois a intenção com que se faz uma leitura específica é importante para o <strong>de</strong>senvolvimento do<br />
processo, sendo o primeiro pré-requisito para uma leitura marcada pela interação entre leitor e<br />
texto.<br />
Entretanto, <strong>em</strong>bora o conhecimento prévio do leitor e a sua habilida<strong>de</strong> para utilizar<br />
estratégias <strong>de</strong> relacionar-se com o texto sejam fundamentais para o <strong>de</strong>senvolvimento do<br />
processo <strong>de</strong> leitura, o leitor <strong>de</strong>ve respeitar os limites que o texto possui para não incorrer <strong>em</strong><br />
divagações ou num excesso <strong>de</strong> adivinhações que po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>stoar <strong>completa</strong>mente da<br />
compreensão dos significados permitidos pelo texto.<br />
Amparados pelas teorias sociointeracionistas <strong>de</strong> leitura, sentimo-nos seguros para<br />
encaminhar mais uma análise <strong>de</strong> texto e <strong>de</strong> exercícios trabalhados pela terceira série do<br />
Ensino Fundamental. Essas teorias nos autorizam a afirmar que, felizmente, 27% dos alunos<br />
egressos do curso <strong>de</strong> Ensino Médio – Modalida<strong>de</strong> Normal do colégio <strong>em</strong> pauta adotaram, no<br />
estágio, a concepção <strong>de</strong> leitura como interação entre leitor e texto. É o caso dos autores <strong>de</strong><br />
dois relatórios, cujas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> leitura são aqui analisadas. Vejamos:<br />
O toco do lápis<br />
Lá num fundo <strong>de</strong> gaveta, dois lápis estavam juntos.<br />
Um era novo, bonito, com ponta b<strong>em</strong> feita. Mas o outro – coitadinho! – era<br />
triste <strong>de</strong> se ver. Sua ponta era rombuda, <strong>de</strong>le só restava um toco, <strong>de</strong> tanto ser apontado.<br />
O grandão, novinho <strong>em</strong> folha, olhou para a triste figura do companheiro e<br />
chamou:<br />
- Ô baixinho! Você, aí <strong>em</strong> baixo! Está me ouvindo?<br />
- Não precisa gritar – respon<strong>de</strong>u o toco do lápis – eu não sou surdo!<br />
- Não é surdo? Ah, há, há! Pensei que alguém tivesse até cortado as suas<br />
orelhas, <strong>de</strong> tanto apontar sua cabeça!<br />
O toquinho <strong>de</strong> lápis suspirou:<br />
- É mesmo... Até já perdi as contas <strong>de</strong> quantas vezes tive <strong>de</strong> enfrentar um<br />
apontador...<br />
O lápis novo continuou a gozação: - Como você está feio e acabado! Deve<br />
estar morrendo <strong>de</strong> inveja <strong>de</strong> ficar ao meu lado. Veja como eu sou lindo, novinho <strong>em</strong><br />
folha!<br />
- Estou vendo, estou vendo... Mas me diga uma coisa: você sabe o que é uma<br />
poesia?<br />
- poesia? Que negócio e esse?<br />
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