Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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leitura interacionista, uma vez que o material selecionado permite às crianças das primeiras<br />
séries do Ensino Fundamental, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a primeira leitura, acesar os conhecimentos prévios<br />
sobre o assunto e fazer inferências variadas, <strong>de</strong> acordo com a faixa etária, uma vez que o texto<br />
por si mesmo é um convite para o envolvimento do aluno. Esse material <strong>de</strong> leitura,<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente das questões propostas, estimula o leitor a resgatar fatos na m<strong>em</strong>ória e<br />
fazer uso do conhecimento que possui para permutar informações com o texto, interagir com<br />
o autor e, assim, reconstruir sentidos possíveis para o texto.<br />
A história favorece a formação <strong>de</strong> sentidos além do dito, favorece que o leitor ative<br />
seu imaginário e construa, a partir dos significantes, os significados possíveis na sua esfera<br />
estrutural e social, começando, assim, a interagir com o texto, mesmo antes <strong>de</strong> qualquer<br />
ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interpretação ser trabalhada. Como <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> Dell’Isola (1996: P.71), “o texto,<br />
unida<strong>de</strong> complexa <strong>de</strong> significação, instaura um espaço <strong>de</strong> interlocução no qual intervêm<br />
el<strong>em</strong>entos contextuais e intertextuais, uma vez que é o resultado <strong>de</strong> absorções e<br />
transformações <strong>de</strong> outros textos”. A autora consi<strong>de</strong>ra como texto não apenas a materialida<strong>de</strong><br />
textual, mas todas as formas assumidas pela linguag<strong>em</strong> que serv<strong>em</strong> aos propósitos interativos<br />
<strong>de</strong> comunicação.<br />
Dessa forma, outros textos evocados pelo aluno leitor <strong>de</strong>sse material <strong>de</strong> leitura<br />
po<strong>de</strong>riam ser a sua própria imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> “chocador” <strong>de</strong> caminhões ou as imagens <strong>de</strong> meninos<br />
“pendurados” <strong>em</strong> caminhões que certamente a criança leitora já presenciou, avivando <strong>em</strong> seu<br />
interior um duplo sentimento <strong>de</strong> admiração e medo. As imagens geradas na mente do leitor<br />
<strong>de</strong>sse texto po<strong>de</strong>m conduzi-lo a l<strong>em</strong>brar-se <strong>de</strong> algo relacionado a outros fatos lidos, envolver-<br />
se e comover-se, caracterizando a leitura interação, a leitura construção <strong>de</strong> sentido entre os<br />
produtores do texto, autor e leitor.<br />
Dada essa suposta tranqüilida<strong>de</strong> que o leitor teria para interagir com o material dos<br />
dois últimos casos analisados, acreditamos que a estagiária tenha escolhido os textos <strong>de</strong> forma<br />
cuidadosa, o que nos leva a pensar na história do sujeito produtor como fator <strong>de</strong>cisivo na sua<br />
produção e, conseqüent<strong>em</strong>ente tentar fazer a ligação entre o perfil do sujeito organizador do<br />
material e o perfil do aluno do curso, apresentado no capítulo dois. A conclusão é que a<br />
heterogeneida<strong>de</strong> do perfil do aluno do curso parece repercutir na heterogeneida<strong>de</strong> da<br />
qualida<strong>de</strong> do material <strong>de</strong> ensino aprendizag<strong>em</strong> nos relatórios <strong>de</strong>stes mesmos alunos, ou seja,<br />
no que se refere à leitura, assim como há alunos mais ou menos envolvidos com o curso,<br />
também há indícios <strong>de</strong> alunos mais ou menos preparados.<br />
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