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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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145<br />

As observações <strong>de</strong> nenhum dos três autores é consi<strong>de</strong>rada pelo professorando<br />

quando oferece à criança um texto que se distancia <strong>de</strong> suas condições na ida<strong>de</strong>/série, tanto pela<br />

imaturida<strong>de</strong> proposta por Piaget e pelo distanciamento da zona proximal <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

proposta por Vygotsky, quanto por não enten<strong>de</strong>r ou não conhecer a proposta <strong>de</strong> Franchi na<br />

<strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> que nas primeiras séries o trabalho com a língua materna <strong>de</strong>veria priorizar ativida<strong>de</strong>s<br />

lingüísticas e epilingüísticas.<br />

A indicação do material <strong>de</strong> leitura indica que o professorando não se preocupou<br />

com a (in)a<strong>de</strong>quação do material didático para a turma, n<strong>em</strong> tampouco se ocupou <strong>em</strong> auxiliar a<br />

criança a enten<strong>de</strong>r a beleza estabelecida pela linguag<strong>em</strong> do po<strong>em</strong>a, o trabalho estratégico do<br />

autor, na escolha dos vocábulos, a linguag<strong>em</strong> elaborada, a simplicida<strong>de</strong> e a complexida<strong>de</strong><br />

simultâneas das imagens suscitadas no ato da leitura, b<strong>em</strong> como a <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za e o carinho que o<br />

autor usou para se expressar no texto.<br />

Não apenas a seleção do po<strong>em</strong>a <strong>em</strong> pauta é ina<strong>de</strong>quada. Sua abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong>monstra<br />

claramente a utilização do texto poético como pretexto para ensinar gramática, pois não exige<br />

nenhuma leitura da criança, que é instada apenas a aplicar conhecimentos técnicos,<br />

metalingüísticos, <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s que dispensariam o <strong>em</strong>prego do texto. O estagiário revela,<br />

assim, a compreensão equivocada do que seja trabalhar a gramática no texto, entendida como<br />

retirar <strong>de</strong>le alguns el<strong>em</strong>entos gramaticais.<br />

Dessa forma, não se atenta para o fato <strong>de</strong> que o grau diminutivo, <strong>em</strong>pregado pelo<br />

autor nas palavras cida<strong>de</strong>zinha, pequenina, burricos e igrejinha, diz mais sobre o carinho do eu<br />

poético pela pequena cida<strong>de</strong> do que propriamente sobre o tamanho da cida<strong>de</strong>. Nesse sentido<br />

Benites, Moraes e Silva (2004), ancoradas <strong>em</strong> Franchi (1991), afirmam que:<br />

O grau é s<strong>em</strong>pre uma marca clara <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong>, pois resulta <strong>de</strong> um<br />

julgamento do locutor sobre o referente, e não do referente <strong>em</strong> si mesmo. Esse<br />

julgamento inclui, além do sentimento do locutor, particularida<strong>de</strong>s ligadas às<br />

circunstâncias da enunciação. [...] O grau está, na verda<strong>de</strong>, no locutor e não no<br />

referente. É essa subjetivida<strong>de</strong> própria do grau que explica a transferência <strong>de</strong><br />

sentido <strong>de</strong> tamanho, expresso pelo grau, para apreciações <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m afetiva ou<br />

pejorativa. (p.05)<br />

A ausência do trabalho com as marcas lingüísticas que colaboram na construção<br />

dos sentidos do texto e a <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração pelo planejamento do trabalho efetivo com o

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