Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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3.2.4 - O futuro professor interacionista: uma esperança <strong>de</strong> dias melhores<br />
Felizmente, dado o consenso da comunida<strong>de</strong> acadêmica <strong>de</strong> que a leitura é um fator<br />
fundamental no <strong>de</strong>senvolvimento humano, as teorias que sustentam este eixo do ensino <strong>de</strong><br />
língua materna têm sofrido alterações positivas. Sab<strong>em</strong>os que uma corrente teórica s<strong>em</strong>pre<br />
procura compensar falhas observadas na corrente que a antece<strong>de</strong>u. Dessa forma, após se<br />
caracterizar<strong>em</strong> pela inversão dos pólos, passando da valorização exclusiva do texto para a<br />
valorização exclusiva do leitor, hoje, os estudos relativos à leitura buscam equilíbrio,<br />
passando a perceber que os dois pólos formam uma corrente dialógica e interativa.<br />
Dessa forma, as teorias sociointeracionistas ganham espaço nas pesquisas que<br />
envolv<strong>em</strong> o ensino <strong>de</strong> leitura nas escolas, e a leitura passa a ser vista como um processo <strong>de</strong><br />
interação entre leitor e texto, <strong>em</strong> que ambos são importantes na medida <strong>em</strong> que participam do<br />
processo. De acordo com Leffa (1996: 17) “Para compreen<strong>de</strong>r o ato da leitura t<strong>em</strong>os que<br />
consi<strong>de</strong>rar (a) o papel do leitor, (b) o papel do texto e (c) o processo <strong>de</strong> interação entre leitor e<br />
texto”. Na perspectiva interacionista, são valorizadas as inter-relações das informações<br />
contidas no texto e das informações acumuladas na m<strong>em</strong>ória do leitor, <strong>de</strong> tal forma que um<br />
pólo é visto como compl<strong>em</strong>ento do outro, e o resultado do encontro entre leitor e texto é que<br />
n<strong>em</strong> o leitor, n<strong>em</strong> o texto são mais os mesmos após a leitura, <strong>em</strong>bora nenhum <strong>de</strong>les seja<br />
alterado na forma física.<br />
Isso se torna mais claro, quando conseguimos perceber que, quando um texto é<br />
lido pela segunda vez pelo mesmo leitor, s<strong>em</strong>pre há mudanças nos conhecimentos prévios<br />
acionados no ato da leitura, evi<strong>de</strong>nciando que o conteúdo do texto sofreu alteração na<br />
percepção do leitor; este, por sua vez, só consegue perceber o conteúdo do texto <strong>de</strong> forma<br />
diferenciada na segunda leitura, por ter se transformado no ato da primeira leitura.<br />
Conforme essa compreensão teórica, a interação ocorre <strong>de</strong> forma simultânea e <strong>em</strong><br />
diversos níveis <strong>de</strong> conhecimento (ortográfico, lexical, sintático, s<strong>em</strong>ântico e pragmático), os<br />
quais entrarão <strong>em</strong> ação s<strong>em</strong>pre que o leitor sentir dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreensão e serão<br />
acionados, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do conhecimento prévio que o falante possui <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>sses<br />
níveis. Assim, no ato da leitura, um nível procura compensar o outro, na compreensão do<br />
texto, ou seja, o leitor po<strong>de</strong> buscar sanar as lacunas <strong>de</strong> compreensão por meio <strong>de</strong> qualquer um<br />
<strong>de</strong>sses níveis, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do seu maior ou menor conhecimento prévio sobre eles.<br />
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