Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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O segundo exercício solicita da criança sinônimos para palavras isoladas, s<strong>em</strong><br />
observar que no texto, o sentido das palavras está <strong>em</strong> uma expressão ou um verso inteiro e não<br />
na palavra isolada, como é o caso da palavra “graça” que ganha seu sentido na expressão<br />
“cida<strong>de</strong>zinha cheia <strong>de</strong> graça”. Uma vez substituída essa palavra, o texto per<strong>de</strong> sua força<br />
expressiva e parte <strong>de</strong> seu conteúdo.<br />
Situação ainda mais grave <strong>de</strong>corre do exercício nº 3, que aborda a antonímia, pois<br />
as substituições esvaziarão os sentidos ou gerarão aberrações s<strong>em</strong>ânticas <strong>em</strong> relação ao todo do<br />
texto. Prevendo esse procedimento da criança, reescrev<strong>em</strong>os o po<strong>em</strong>a comutando as palavras<br />
listadas no exercício pelos antônimos presentes no texto. Os termos substituídos foram<br />
grifados para melhor visualização. Observ<strong>em</strong>os o resultado:<br />
Cida<strong>de</strong>zinha cheia <strong>de</strong> graça Cida<strong>de</strong>zinha vazia <strong>de</strong> graça<br />
Cida<strong>de</strong>zinha cheia <strong>de</strong> graça... Cida<strong>de</strong>zinha vazia <strong>de</strong> graça...<br />
Tão pequenina que até causa dó! Tão grandona que até causa dó!<br />
Com burricos a pastar na praça... Com seus burricos a pastar na praça...<br />
Sua igrejinha <strong>de</strong> uma torre só... Sua igrejinha <strong>de</strong> uma torre só...<br />
Nuvens que venham, nuvens e asas Nuvens que venham, nuvens e asas,<br />
Não param nunca n<strong>em</strong> um segundo... Não param nunca n<strong>em</strong> um segundo...<br />
E fica a torre sobre as velhas casas, E fica a torre, sobre as velhas casas,<br />
Fica cismando como é vasto o mundo!... Fica cismando como é vasto o mundo!...<br />
Eu que <strong>de</strong> longe venho perdido Eu que <strong>de</strong> perto venho encontrado,<br />
S<strong>em</strong> pouso fixo (a triste sina!). S<strong>em</strong> pouso fixo (a alegre sina!).<br />
Ah, qu<strong>em</strong> me <strong>de</strong>ra ter lá nascido! Ah, qu<strong>em</strong> me <strong>de</strong>ra ter lá nascido!<br />
Lá toda a vida po<strong>de</strong>r morar! Lá toda a vida po<strong>de</strong> morar!<br />
Cida<strong>de</strong>zinha... tão pequenina Cida<strong>de</strong>zinha ...Tão grandona<br />
Que cabe num só olhar... Que toda cabe num só olhar...<br />
O quarto exercício confirma um perfil <strong>de</strong> professorando <strong>completa</strong>mente<br />
<strong>de</strong>svencilhado das teorias interacionistas <strong>de</strong> ensino, que ignora a compreensão <strong>de</strong> gramática<br />
como subsídio para o entendimento do texto, ao propor que o aluno faça cópia <strong>de</strong> palavras<br />
trissílabas do po<strong>em</strong>a, conteúdo que, como já afirmamos, não possui a menor relevância para o<br />
significado, principalmente na serie que foi trabalhado (primeira série do Ensino<br />
Fundamental). Vale observar também um equívoco <strong>de</strong> concordância e <strong>de</strong> colocação no<br />
comando da questão (Copie todas as palavras da poesia trissílaba <strong>em</strong> vez <strong>de</strong> copie as<br />
palavras trissílabas do po<strong>em</strong>a), o que compromete ainda mais o exercício e po<strong>de</strong> confundir a<br />
criança, pois o adjetivo <strong>de</strong>veria concordar com o substantivo palavras e não com poesia.