Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM
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4.1.2. Da redação à produção textual<br />
De acordo com Geraldi (1997), as propostas atuais <strong>de</strong> ensino extrapolam as<br />
constatações sobre a maneira <strong>de</strong> ser da escola, visando, sobretudo, construir alternativas <strong>de</strong><br />
um novo modo <strong>de</strong> ser para ela. Uma das mais importantes mudanças nessa direção refere-se à<br />
passag<strong>em</strong> da redação para a produção textual, que propõe, sob uma abordag<strong>em</strong><br />
sociointeracionista, uma nova maneira <strong>de</strong> pensar e produzir a escrita na escola. Segundo essa<br />
proposta, a produção <strong>de</strong> textos é elaborada por um sujeito constituído a partir <strong>de</strong> interações<br />
verbais vivenciadas e que constrói seu interior a partir <strong>de</strong> suas relações com o meio externo.<br />
Mais que produto <strong>de</strong> uma herança cultural, esse sujeito revela-se capaz <strong>de</strong> agir sobre seu<br />
contexto histórico, e, além <strong>de</strong> repetir ações, cria novas situações, constrói e reconstrói sua<br />
história e a história cultural da humanida<strong>de</strong>.<br />
Todavia, t<strong>em</strong>os consciência <strong>de</strong> que, apesar dos esforços voltados para a construção<br />
<strong>de</strong>ssa nova maneira <strong>de</strong> ensinar, <strong>em</strong> muitas <strong>de</strong> nossas escolas, ainda prevalece o processo <strong>de</strong><br />
ensino centrado na transmissão do conhecimento, <strong>em</strong> que o <strong>de</strong>tentor do saber é o professor e o<br />
aluno é consi<strong>de</strong>rado apenas como receptáculo <strong>de</strong>sse saber previamente estabelecido, sendo<br />
menosprezada toda a bagag<strong>em</strong> <strong>de</strong> vida e conhecimento que ele possui.<br />
Para que o ensino da escrita seja produtivo, é fundamental levarmos <strong>em</strong><br />
consi<strong>de</strong>ração esse conhecimento prévio do aluno, visando rearticular seu pensamento com as<br />
novas informações adquiridas. A sala <strong>de</strong> aula, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma perspectiva sociointeracionista e<br />
<strong>de</strong> acordo com as propostas dos PCNs (BRASIL, 1999), torna-se palco do diálogo entre<br />
sujeitos portadores <strong>de</strong> saberes diversos. Logo, ensinar a produzir textos passa a ser uma<br />
forma <strong>de</strong> possibilitar o confronto entre saberes, os prévios do cotidiano e os saberes<br />
sist<strong>em</strong>atizados, instituídos pela escola e que, sozinhos, não dão conta <strong>de</strong> aclarar a explicação e<br />
viabilizar um real aprendizado.<br />
No processo <strong>de</strong> ensino-aprendizag<strong>em</strong> da escrita, a interação é fundamental, porque<br />
o indivíduo só cresce quando compartilha, quando constrói seu aprendizado a partir da<br />
interação e do contato com o outro. Nesse sentido, é indispensável proporcionar uma rica<br />
interação <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula, a fim <strong>de</strong> que o aluno possa interiorizar aquilo que é socialmente<br />
estabelecido, <strong>de</strong>senvolvendo sua própria opinião e consciência a respeito do mundo, tornando-<br />
se um usuário competente da língua, capaz <strong>de</strong> realizar efetivamente o exercício da cidadania,<br />
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