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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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que o título do texto da aluna po<strong>de</strong>ria ser visto mais como uma intertextualida<strong>de</strong> do que como<br />

repetição ou cópia. Por sermos obrigados a resolver, muitas vezes, questões s<strong>em</strong>elhantes a<br />

essa, acreditamos que os conceitos <strong>de</strong> intertextualida<strong>de</strong> e polifonia são indispensáveis na<br />

tarefa do ensino-aprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong> produção textual.<br />

Para esclarecer e incentivar a produção <strong>de</strong> textos na escola, Geraldi (1997) aponta<br />

algumas diferenças entre produção textual e redação. Na primeira, conforme o autor,<br />

produz<strong>em</strong>-se textos na escola, enquanto na segunda, produz<strong>em</strong>-se textos para a escola. Ele<br />

explica que a produção <strong>de</strong> textos para a escola não é <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> uma real necessida<strong>de</strong>, não<br />

é um fato vivenciado que se tenta passar ao outro, mas uma imposição daquele contexto. É<br />

algo que acontece <strong>em</strong> um contexto <strong>de</strong> artificialida<strong>de</strong>, não existindo por parte do produtor uma<br />

real razão social para fazê-lo. Portanto, o aluno escreve para mostrar que (se) sabe escrever,<br />

para cumprir uma exigência do currículo e aten<strong>de</strong>r uma tarefa que lhe foi solicitada. As<br />

ativida<strong>de</strong>s que envolv<strong>em</strong> a chamada redação escolar são pautadas <strong>em</strong> momentos <strong>de</strong><br />

artificialida<strong>de</strong>, ou seja, o aluno não consegue relacionar aquele momento <strong>de</strong> escrita com sua<br />

vivência extra-escolar, não existe o porquê escrever, além <strong>de</strong> cumprir exigências, já que o seu<br />

leitor é s<strong>em</strong>pre o mesmo, o professor, que trará s<strong>em</strong>pre as mesmas exigências, não<br />

acrescentando nada <strong>de</strong> novo à vivência pessoal do aluno. É diferente, por ex<strong>em</strong>plo, <strong>de</strong><br />

escrever uma carta a um amigo contando um momento difícil pelo qual está passando e no<br />

qual você sabe que receberá uma resposta que, qu<strong>em</strong> sabe, po<strong>de</strong>rá acalmar suas aflições.<br />

Desse modo, ao afastar o aluno <strong>de</strong> sua realida<strong>de</strong>, impondo uma tarefa <strong>de</strong>svinculada<br />

<strong>de</strong> seu cotidiano, como escrever sobre uma gravura, ou sobre uma situação que ele ainda não<br />

viveu, dificulta-se o processo da escrita, pois ele, ao escrever sobre algo que lhe foi<br />

apresentado apenas na escola, não dispõe <strong>de</strong> conhecimento sobre o fato e apenas reproduz o<br />

que o professor lhe repassa, não se comprometendo enquanto sujeito <strong>de</strong> seu próprio texto,<br />

uma vez que suas palavras reproduz<strong>em</strong> os ditos do professor, <strong>em</strong> resposta às condições <strong>de</strong><br />

produção a ele oferecidas. A escola e o professor, assim, são as fontes <strong>de</strong> um conhecimento<br />

instituído, que não promove uma real participação do aluno como cidadão, já que ele não é<br />

autor e sujeito daquilo que escreve, mas é condicionado às regras preestabelecidas, tornando-<br />

se apenas um reprodutor do que lhe é imposto.<br />

Como docente <strong>de</strong> Ensino Médio, po<strong>de</strong>mos afirmar que a artificialida<strong>de</strong> nociva ao<br />

processo <strong>de</strong> produção textual na escola é um probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> difícil solução, enfrentado pelos<br />

professores, diariamente, <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula, uma vez que os textos produzidos para a escola são,<br />

<strong>em</strong> sua gran<strong>de</strong> maioria, simulações <strong>de</strong> textos reais, sendo raríssimas as vezes <strong>em</strong> que é<br />

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