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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - UEM

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padronização na leitura, fosse capaz <strong>de</strong> produzir textos criativos e diversificados. A esse<br />

respeito, Dell’Isola afirma que:<br />

O gran<strong>de</strong> probl<strong>em</strong>a está <strong>em</strong> privilegiar a leitura parafrástica, incentivada<br />

pela socieda<strong>de</strong> como um todo, que valoriza a leitura <strong>de</strong>notativa, singular,<br />

com o objetivo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lar e padronizar o grupo. O sujeito leitor é levado a<br />

reproduzir as leituras preestabelecidas pelo social. Estando condicionado a<br />

isso, nega-se a mergulhar no texto porque não lho é exigido e, muito menos,<br />

aplaudido na prática. (1996, p.88)<br />

A terceira concepção <strong>de</strong> leitura mencionada por Dell’Isola, a leitura como ato <strong>de</strong><br />

co-produção do material lingüístico, <strong>em</strong> lugar <strong>de</strong> ver o texto como um produto, enten<strong>de</strong>-o<br />

como um processo que parte, <strong>de</strong> maneira apenas relativa, do autor. Essa relativização do papel<br />

do autor na construção do texto justifica-se porque, se <strong>de</strong> um lado, o autor, ao escrever,<br />

dialoga com outros textos e com o contexto <strong>em</strong> que está inserido, por outro lado, o leitor<br />

s<strong>em</strong>pre colabora para a construção do sentido do texto, ao resgatar conhecimentos<br />

armazenados <strong>em</strong> sua m<strong>em</strong>ória <strong>de</strong> leitor, ou provenientes <strong>de</strong> suas múltiplas situações da vida.<br />

A esse respeito, Goul<strong>em</strong>ot (1996, p.110), <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que “é o cultural que or<strong>de</strong>na o que<br />

acreditamos pertencer a uma singularida<strong>de</strong> extr<strong>em</strong>a.” Portanto, analisando por esse ângulo,<br />

nenhum texto t<strong>em</strong> orig<strong>em</strong> <strong>em</strong> si mesmo, visto que a cultura humana não é construída<br />

individualmente, mas t<strong>em</strong> natureza heterogênea.<br />

Se é verda<strong>de</strong> que o processo da produção se esten<strong>de</strong> do produtor ao leitor, também<br />

é verda<strong>de</strong> que o leitor jamais po<strong>de</strong>rá concluir a leitura <strong>de</strong> um texto <strong>em</strong> <strong>de</strong>finitivo, pois os<br />

sinais gráficos apenas possibilitam vazão para diferentes aprofundamentos no t<strong>em</strong>a exposto<br />

pelo texto. Neste caso, atingir a essência <strong>de</strong> um texto po<strong>de</strong> ser uma ilusão momentânea. Isso<br />

talvez explique o fato <strong>de</strong> que, muitas vezes, ao estudar um texto, acreditamos que não há mais<br />

nada a explorar nele, mas quando vamos relê-lo <strong>em</strong> um outro momento, realizamos uma<br />

leitura diferente e, às vezes, até nos surpreen<strong>de</strong>mos com o primeiro entendimento que<br />

havíamos feito.<br />

Portanto, a leitura <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do social e do individual <strong>de</strong> cada leitor, <strong>de</strong> sua<br />

i<strong>de</strong>ologia, <strong>de</strong> seu estado <strong>de</strong> espírito no momento. Isso não significa que um texto seja<br />

<strong>completa</strong>mente aberto, permitindo que cada leitor construa o sentido que <strong>de</strong>sejar. É evi<strong>de</strong>nte<br />

que um texto que não apresenta probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> coerência e coesão não po<strong>de</strong> ser lido <strong>de</strong> forma<br />

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