14.04.2013 Views

ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...

ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...

ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

historiografia do seu t<strong>em</strong>po quanto para o pensamento histórico<br />

que veio <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>le. Dessa perspectiva, B<strong>os</strong>suet é tomado como<br />

o paradigma <strong>de</strong> um século, o ponto culminante que n<strong>os</strong> permite<br />

entrever as principais regras do conhecimento histórico fixadas<br />

no antigo Regime. Apesar <strong>de</strong> pertencer a<strong>os</strong> círcul<strong>os</strong> eclesiástic<strong>os</strong><br />

e fazer a história ao gênero magistra vitae, B<strong>os</strong>suet não incorre<br />

inocent<strong>em</strong>ente nas convicções da maior parte d<strong>os</strong> historiadores<br />

<strong>de</strong> seu t<strong>em</strong>po e das gerações anteriores ao século XVII.<br />

Voltaire retoma da obra <strong>de</strong> B<strong>os</strong>suet, História Universal, as teses que a seu<br />

ver legitimavam o po<strong>de</strong>r da Igreja e as relações entre a Igreja e o Estado. Enten<strong>de</strong><br />

que a obra <strong>de</strong> B<strong>os</strong>suet fundamentava as instituições que, <strong>em</strong> razão das<br />

mudanças ocorridas na França, estavam <strong>em</strong> <strong>de</strong>sarmonia e geravam a situação <strong>de</strong><br />

crise e conflit<strong>os</strong> que abalavam a França <strong>de</strong> sua época.<br />

Voltaire, <strong>em</strong> sua análise histórica, <strong>de</strong>monstra que não se trata apenas <strong>de</strong><br />

combater uma ou outra instituição, n<strong>em</strong> <strong>de</strong> extinguir esta ou aquela, mas sim <strong>de</strong><br />

retomar sua finalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> forma que ela p<strong>os</strong>sa contribuir para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da socieda<strong>de</strong>. Nesse sentido, torna-se pertinente o seu comentário a respeito da<br />

extinção da or<strong>de</strong>m d<strong>os</strong> jesuítas na França. Voltaire constatou que a perseguição<br />

contra eles <strong>de</strong>veu-se ao domínio que tinham das belas letras, tanto no Estado<br />

como na Igreja, e não simplesmente a<strong>os</strong> privilégi<strong>os</strong> que tinham <strong>em</strong> Roma ou<br />

porque <strong>de</strong>srespeitavam as leis do Estado, pois as <strong>de</strong>mais or<strong>de</strong>ns religi<strong>os</strong>as<br />

mantiveram seus privilégi<strong>os</strong> após a perseguição a<strong>os</strong> jesuítas.<br />

Acabaram <strong>de</strong> abolir a or<strong>de</strong>m d<strong>os</strong> jesuítas na França pela segunda<br />

vez: reclamavam d<strong>os</strong> privilégi<strong>os</strong> que recebiam <strong>de</strong> Roma e que<br />

eram incompatíveis com as leis do Estado, mas tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> outr<strong>os</strong><br />

religi<strong>os</strong><strong>os</strong> têm mais ou men<strong>os</strong> <strong>os</strong> mesm<strong>os</strong> privilégi<strong>os</strong>. Os jesuítas<br />

foram expuls<strong>os</strong> <strong>de</strong> Portugal por razões políticas e por ocasião do<br />

assassinato do rei; eles foram <strong>de</strong>struíd<strong>os</strong> na França por ter<strong>em</strong><br />

tentado dominar as belas artes, no Estado e na Igreja. É uma<br />

advertência para todas as outras or<strong>de</strong>ns religi<strong>os</strong>as. Existe um<br />

cujas riquezas são cobiçadas, mas cuja antiguida<strong>de</strong> é respeitada<br />

como <strong>os</strong> trabalh<strong>os</strong> literári<strong>os</strong>, exist<strong>em</strong> várias outras coisas men<strong>os</strong><br />

consi<strong>de</strong>radas. 48<br />

48 «On vient d’abolir les jésuites en France pour la secon<strong>de</strong> fois: on leur reprochait <strong>de</strong>s privilèges<br />

qu’ils ne tenaient que <strong>de</strong> Rome et qui étaient incompatibles avec les lois <strong>de</strong> l’État; mais tous les<br />

autres religieux ont à peu près les mêmes privilèges. Les jésuites ont été chassés du Portugal par<br />

<strong>de</strong>s raisons <strong>de</strong> politique, et à l’occasion <strong>de</strong> l’assassinat du roi; ils ont été détruits en France pour<br />

avoir voulu dominer dans les belles-lettres, dans l’État, et dans l’Église: c’est un avertiss<strong>em</strong>ent<br />

pour tous les autres ordres religieux. Il en est un dont on envie les richesses, mais dont on<br />

respecte l’antiquité et les travaux littéraires; il en est une foule d’autres moins considérés»<br />

Disponível <strong>em</strong> , acesso <strong>em</strong><br />

05/12/07.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!