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ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...

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imprescindível, por ser [...] a narração <strong>de</strong> fat<strong>os</strong> consi<strong>de</strong>rad<strong>os</strong> verda<strong>de</strong>ir<strong>os</strong>, ao<br />

contrário da fábula, narração <strong>de</strong> fat<strong>os</strong> consi<strong>de</strong>rad<strong>os</strong> fals<strong>os</strong> (VOLTAIRE, 1973b, p.<br />

209).<br />

Há também a história das opiniões, simples coletânea d<strong>os</strong> err<strong>os</strong><br />

human<strong>os</strong>. A história das artes po<strong>de</strong> ser a mais útil <strong>de</strong> todas, se<br />

unir o conhecimento da invenção e do progresso das artes à<br />

<strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> seus mecanism<strong>os</strong>. A história natural,<br />

impropriamente <strong>de</strong>nominada ‘história’, é uma parte essencial da<br />

física. A história d<strong>os</strong> aconteciment<strong>os</strong> divi<strong>de</strong>-se <strong>em</strong> sagrada e<br />

profana. A primeira é uma seqüência <strong>de</strong> operações divinas e<br />

miracul<strong>os</strong>as com que aprouve a Deus guiar outrora a nação<br />

judaica e provar agora a n<strong>os</strong>sa fé.<br />

Os primeir<strong>os</strong> fundament<strong>os</strong> <strong>de</strong> toda História encontram-se nas<br />

narrativas que <strong>os</strong> pais faz<strong>em</strong> a<strong>os</strong> filh<strong>os</strong> e que são transmitidas<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> geração <strong>em</strong> geração. Em sua orig<strong>em</strong> são mais ou<br />

men<strong>os</strong> prováveis (<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não choqu<strong>em</strong> o senso comum), mas<br />

per<strong>de</strong>m gradualmente a probabilida<strong>de</strong> <strong>em</strong> cada geração<br />

(VOLTAIRE, 1973b, p. 209).<br />

O caráter educativo da história se <strong>de</strong>staca quando Voltaire afirma que a<br />

educação se dá <strong>de</strong> geração <strong>em</strong> geração. A história <strong>de</strong> constrói porque <strong>os</strong> homens<br />

educam as novas gerações e, <strong>de</strong>sta maneira, transmit<strong>em</strong> a<strong>os</strong> <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes o<br />

conhecimento e <strong>os</strong> resultad<strong>os</strong> d<strong>os</strong> feit<strong>os</strong> human<strong>os</strong>. A educação faz com que as<br />

novas gerações contribuam para o <strong>de</strong>senvolvimento da socieda<strong>de</strong>.<br />

O interesse <strong>de</strong> Voltaire pela história justifica-se pela função que lhe dá na<br />

discussão da socieda<strong>de</strong> francesa. Com base na história, ele procura <strong>de</strong>svendar<br />

as instituições, m<strong>os</strong>trando a importância e pertinência das mesmas para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da socieda<strong>de</strong>, porém evi<strong>de</strong>nciando também a obsolescência d<strong>os</strong><br />

fundament<strong>os</strong> que legitimavam certas instituições tornando-as lócus d<strong>os</strong> divers<strong>os</strong><br />

<strong>em</strong>bates e conflit<strong>os</strong> sociais <strong>de</strong> sua época.<br />

Em Ensaio <strong>sobre</strong> <strong>os</strong> C<strong>os</strong>tumes, ele dialoga com outras obras e autores do<br />

século XVIII, que o antece<strong>de</strong>ram na publicação <strong>de</strong> obras históricas. Entre esses<br />

autores po<strong>de</strong>m<strong>os</strong> citar Montesquieu, que publicara a obra Gran<strong>de</strong>za e <strong>de</strong>cadência<br />

d<strong>os</strong> roman<strong>os</strong>,<strong>em</strong> 1734, e O Espírito das Leis, <strong>em</strong> 1748, obras que provavelmente<br />

serviram <strong>de</strong> fonte para Voltaire na elaboração do Ensaio.<br />

Em sua abordag<strong>em</strong> da história, Voltaire dialoga com a obra O Espírito das<br />

Leis, <strong>de</strong> Montesquieu. Ao realizar sua discussão, o autor apresenta sua<br />

concepção diferenciada <strong>em</strong> relação ao entendimento da história, discorda <strong>de</strong><br />

algumas interpretações <strong>de</strong> Montesquieu por consi<strong>de</strong>rá-las equivocadas.

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