14.04.2013 Views

ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...

ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...

ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

funções administrativas junto à Santa Sé. Dev<strong>em</strong><strong>os</strong> consi<strong>de</strong>rar também que,<br />

naquele momento, a Igreja exercia gran<strong>de</strong> força <strong>sobre</strong> a socieda<strong>de</strong>.<br />

Com João Quidort, observam<strong>os</strong> que, <strong>em</strong>bora a Igreja ainda disponha <strong>de</strong><br />

força junto à socieda<strong>de</strong>, provoca <strong>em</strong> suas querelas com o po<strong>de</strong>r t<strong>em</strong>poral o<br />

<strong>de</strong>sgaste da socieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> si mesma. De certa forma, ao propor o equilíbrio<br />

entre <strong>os</strong> po<strong>de</strong>res t<strong>em</strong>poral e religi<strong>os</strong>o e apresentar a prerrogativa <strong>de</strong> que o po<strong>de</strong>r<br />

está com a socieda<strong>de</strong>, Quidort procura resolver uma situação <strong>de</strong> conflito que,<br />

salvo as <strong>de</strong>vidas proporções, a tod<strong>os</strong> enfraquece.<br />

Na Itália, Dante revela a existência <strong>de</strong> uma Igreja forte que se <strong>sobre</strong>põe<br />

a<strong>os</strong> interesses das cida<strong>de</strong>s italianas. Dante não é um hom<strong>em</strong> da Igreja, mas sim<br />

um partidário político que teve <strong>de</strong> se exilar <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu p<strong>os</strong>icionamento nas<br />

disputas entre <strong>os</strong> po<strong>de</strong>res t<strong>em</strong>poral e religi<strong>os</strong>o. Quando Dante apresenta sua tese<br />

<strong>de</strong> um po<strong>de</strong>r único e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a in<strong>de</strong>pendência do monarca <strong>em</strong> relação ao po<strong>de</strong>r<br />

da Igreja, pô<strong>de</strong> fazê-lo por causa d<strong>os</strong> interesses das cida<strong>de</strong>s e do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> que<br />

dispunham para enfrentar o po<strong>de</strong>r papal. Nesse momento, as cida<strong>de</strong>s procuravam<br />

um po<strong>de</strong>r que se opusesse ao papal e garantisse a or<strong>de</strong>m, a paz e a<br />

pr<strong>os</strong>perida<strong>de</strong>.<br />

Com Marsílio <strong>de</strong> Pádua t<strong>em</strong><strong>os</strong> um momento <strong>em</strong> que o po<strong>de</strong>r papal ainda<br />

era forte, mas a Igreja já não dispunha da força que tinha antes. Os imperadores<br />

já podiam enfrentar o papa e até mesmo <strong>de</strong>clará-lo herético. O po<strong>de</strong>r papal não<br />

era único e a socieda<strong>de</strong> dividia seu apoio entre o imperador e o papa. A gran<strong>de</strong><br />

expectativa da socieda<strong>de</strong> era a paz e, para Marsílio, seria legítimo o po<strong>de</strong>r que a<br />

garantisse. Assim o fato <strong>de</strong> o papa ser apresentado como contrário à paz por<br />

Ludovico <strong>de</strong>monstra-n<strong>os</strong> que a expectativa já não era o po<strong>de</strong>r ser t<strong>em</strong>poral ou<br />

religi<strong>os</strong>o, mas sim que f<strong>os</strong>se legítimo e que garantisse leis que favorecess<strong>em</strong> o<br />

equilíbrio entre <strong>os</strong> divers<strong>os</strong> segment<strong>os</strong> sociais para que pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> agir apesar <strong>de</strong><br />

suas diferenças.<br />

De certa forma, a expectativa da socieda<strong>de</strong> era a <strong>de</strong> “[...] atingir o seu<br />

i<strong>de</strong>al, que consistia <strong>em</strong> ser<strong>em</strong> basicamente estad<strong>os</strong> <strong>de</strong> direito, mas o facto <strong>de</strong><br />

p<strong>os</strong>suír<strong>em</strong> tal i<strong>de</strong>al representou um importante factor para conseguir<strong>em</strong> a<br />

lealda<strong>de</strong> e o apoio d<strong>os</strong> seus súbdit<strong>os</strong>” (STRAYER, 197?, p. 29).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!