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ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...

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Monarquia <strong>em</strong> si, mas a forma como ela está comp<strong>os</strong>ta na França naquele<br />

momento.<br />

Para situar o Ensaio, precisam<strong>os</strong> voltar um pouco no t<strong>em</strong>po, quando<br />

Voltaire se ocupava <strong>de</strong> sua escrita. Destacam<strong>os</strong> aí O Espírito das Leis, <strong>de</strong><br />

Montesquieu (1689-1755), publicado no ano <strong>de</strong> 1748 e que influenciou Voltaire,<br />

levando-o a dialogar com esse autor <strong>em</strong> seu Ensaio.<br />

No Ensaio, Voltaire discorda da abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> Montesquieu a respeito <strong>de</strong><br />

algumas situações da Antigüida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> seu entendimento da organização do<br />

Estado francês naquele momento. Na obra Comentário <strong>sobre</strong> o Espírito das Leis,<br />

<strong>de</strong> 1777, Voltaire ataca <strong>os</strong> equívoc<strong>os</strong> cometid<strong>os</strong> por Montesquieu. Destacam<strong>os</strong><br />

que o momento histórico francês é outro e que as disputas políticas <strong>em</strong> fins da<br />

década <strong>de</strong> 1770 são marcadas pelo acirramento característico do período que<br />

antece<strong>de</strong>u à Revolução <strong>de</strong> 1789.<br />

Tod<strong>os</strong> esses equívoc<strong>os</strong> 4 do autor do Espírito das Leis<br />

faz<strong>em</strong> lamentar que um livro que po<strong>de</strong>ria ser tão útil não<br />

tenha sido comp<strong>os</strong>to com suficiente exatidão e que nele a<br />

verda<strong>de</strong> seja tão frequent<strong>em</strong>ente sacrificada ao que se<br />

chama <strong>de</strong> bel esprit (Pedantaria N. do R.) (VOLTAIRE,<br />

2001, p. 44).<br />

Voltaire publicou O Século <strong>de</strong> Luís XIV, entre <strong>os</strong> an<strong>os</strong> <strong>de</strong> 1750 e 1751.<br />

Essa obra, na qual estava trabalhando há vári<strong>os</strong> an<strong>os</strong>, com certeza, serviu <strong>de</strong><br />

fonte para o seu Ensaio. Pomeau, a respeito <strong>de</strong> O século <strong>de</strong> Luís XIV e <strong>de</strong> sua<br />

relação com o Ensaio <strong>sobre</strong> <strong>os</strong> c<strong>os</strong>tumes e O Espírito das leis <strong>de</strong> Montesquieu,<br />

comenta:<br />

As duas obras não proce<strong>de</strong>m <strong>de</strong> um mesmo método: O Século<br />

<strong>de</strong> Luís XIV foi escrito a partir <strong>de</strong> document<strong>os</strong>, e o Ensaio uma<br />

síntese <strong>de</strong> segunda mão. Mas tanto <strong>em</strong> um como <strong>em</strong> outro,<br />

Voltaire eliminou razoavelmente <strong>os</strong> prodígi<strong>os</strong> <strong>sobre</strong>-human<strong>os</strong><br />

como a malda<strong>de</strong> inumana, quando elas não são provadas<br />

per<strong>em</strong>ptoriamente pel<strong>os</strong> document<strong>os</strong>. Ele chegou a enganar-se,<br />

porque o verda<strong>de</strong>iro n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre é ver<strong>os</strong>símil. Sua fil<strong>os</strong>ofia<br />

per<strong>de</strong>-se quando ele põe <strong>em</strong> dúvida a pr<strong>os</strong>tituição sagrada da<br />

4 No Capítulo XXXV, (VOLTAIRE, 2001) comenta O Espírito das Leis, fazendo referência a outr<strong>os</strong><br />

equívoc<strong>os</strong> já indicad<strong>os</strong> n<strong>os</strong> capítul<strong>os</strong> anteriores <strong>em</strong> relação às máximas principais da obra <strong>de</strong><br />

Montesquieu. O trecho no qual se encontra o princípio aqui discutido por Voltaire, que se trata da<br />

hom<strong>os</strong>sexualida<strong>de</strong> entre <strong>os</strong> greg<strong>os</strong>, está no Livro VII, no Capítulo IX, na p. 104, da edição <strong>de</strong><br />

1979, da coleção Os pensadores, tradução <strong>de</strong> Fernando Henrique Card<strong>os</strong>o e Leôncio Martins<br />

Rodrigues.

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