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ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...

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Essa questão, que é fundamental para a discussão <strong>de</strong> Voltaire acerca da<br />

educação, está diretamente relacionada à visão <strong>de</strong> hom<strong>em</strong> por ele apresentada.<br />

Para ele, o hom<strong>em</strong> é alguém livre das antigas amarras d<strong>os</strong> dogmas e das<br />

superstições. Livre inclusive do próprio Deus, que, ao criá-lo, <strong>de</strong>u-lhe a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensar e <strong>de</strong> refletir.<br />

Assim, ao consi<strong>de</strong>rar que <strong>os</strong> homens são responsáveis por seus <strong>de</strong>stin<strong>os</strong>,<br />

s<strong>em</strong> pressupor um fim previamente <strong>de</strong>terminado, Voltaire alerta-n<strong>os</strong> para a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma nova educação para que eles p<strong>os</strong>sam contribuir para a<br />

construção do b<strong>em</strong> comum. Essa educação <strong>de</strong>ve superar a interferência d<strong>os</strong><br />

dogmas, levar <strong>os</strong> homens a pensar por si mesm<strong>os</strong>, a refletir. Isso se <strong>de</strong>u <strong>em</strong> um<br />

contexto <strong>em</strong> que as instituições que governavam a vida d<strong>os</strong> homens estavam<br />

sendo acusadas <strong>de</strong> tirania. Além <strong>de</strong> pensar<strong>em</strong> por si mesm<strong>os</strong>, <strong>os</strong> homens<br />

<strong>de</strong>veriam ser educad<strong>os</strong> a “cultivar o jardim” (VOLTAIRE, 1958a, p. 270), ou seja,<br />

a saber<strong>em</strong> que são eles <strong>os</strong> tutores <strong>de</strong> suas vidas e que as constro<strong>em</strong> mediante<br />

suas escolhas, ações e trabalho.<br />

N<strong>os</strong> <strong>de</strong>sastres sofrid<strong>os</strong> por Cândido (VOLTAIRE, 1958a, p. 170-182), e<br />

com <strong>os</strong> quais s<strong>em</strong>pre apren<strong>de</strong>, <strong>de</strong>stacam<strong>os</strong> duas questões pertinentes a ser<strong>em</strong><br />

consi<strong>de</strong>radas na reflexão <strong>sobre</strong> a educação. A primeira é o fato <strong>de</strong> que no<br />

processo educacional é preciso planejamento, ou seja, pensar <strong>em</strong> relação a<strong>os</strong><br />

fins. Uma educação que aju<strong>de</strong> a formação <strong>de</strong> homens com preocupações sociais,<br />

que pens<strong>em</strong> também <strong>em</strong> relação ao espaço público e ao futuro. Nesse sentido,<br />

Voltaire alerta que “[...] a ignorância e barbaria <strong>de</strong> n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> pais, longe <strong>de</strong> constituir<br />

uma regra para nós, não são mais que um aviso para fazerm<strong>os</strong> o que eles fariam,<br />

se estivess<strong>em</strong> <strong>em</strong> n<strong>os</strong>so lugar, com as n<strong>os</strong>sas luzes” (VOLTAIRE, 1995d, p. 391).<br />

Segundo ele, é necessário apren<strong>de</strong>r com a história para que, tal como fizeram as<br />

gerações anteriores, <strong>os</strong> homens p<strong>os</strong>sam planejar e organizar a vida com base<br />

nas próprias circunstâncias.<br />

Mas esse pensar e planejar não po<strong>de</strong>m ser ofuscad<strong>os</strong> pel<strong>os</strong> interesses<br />

particulares; é necessário ter uma abrangência e uma visualização do espaço<br />

público que norteia e orienta, inclusive, o mundo privado.<br />

quais o universo não precisa <strong>de</strong> que Deus o dirija e o governe continuamente, adiantam uma<br />

doutrina que ten<strong>de</strong> a bani-lo do mundo” (LEIBNIZ, 1992, v 2, p. 237).

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