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ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...

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Voltaire pressupõe que, para <strong>os</strong> homens se <strong>de</strong>senvolver<strong>em</strong> realmente,<br />

precisam ser educad<strong>os</strong> para o uso da razão, para ter<strong>em</strong> consciência, por si<br />

mesm<strong>os</strong>, d<strong>os</strong> seus própri<strong>os</strong> at<strong>os</strong>. Ele <strong>de</strong>nomina <strong>de</strong> selvagens também <strong>os</strong> “[...]<br />

submetid<strong>os</strong>, s<strong>em</strong> saber<strong>em</strong> por que, a um hom<strong>em</strong> <strong>de</strong> letras, a qu<strong>em</strong> levam tod<strong>os</strong><br />

<strong>os</strong> an<strong>os</strong> meta<strong>de</strong> do que ganham com o suor do r<strong>os</strong>to” (VOLTAIRE, 2007a, p. 58).<br />

Por isso, reconduz o raciocínio s<strong>em</strong>pre à importância da retomada da<br />

história, que “[...] po<strong>de</strong> não ser verda<strong>de</strong>ira; mas é s<strong>em</strong>pre um test<strong>em</strong>unho d<strong>os</strong><br />

símbol<strong>os</strong> <strong>em</strong> uso naqueles t<strong>em</strong>p<strong>os</strong> r<strong>em</strong>ot<strong>os</strong>” (VOLTAIRE, 2007a, p. 189). Ao<br />

discutir a tolerância e como po<strong>de</strong>m<strong>os</strong> apren<strong>de</strong>r com a história, Voltaire recorre ao<br />

passado, buscando apresentar <strong>os</strong> fundament<strong>os</strong> da socieda<strong>de</strong> francesa, com a<br />

qual dialogava.<br />

Assim, começa a <strong>de</strong>monstrar como a tolerância esteve presente entre <strong>os</strong><br />

ju<strong>de</strong>us, d<strong>os</strong> quais o cristianismo e, mais tar<strong>de</strong>, a instituição Igreja Romana se<br />

originaram.<br />

Os ju<strong>de</strong>us adoravam o seu Deus, mas nunca m<strong>os</strong>travam espanto<br />

por cada povo ter seus <strong>de</strong>uses própri<strong>os</strong>. Achavam b<strong>em</strong> que<br />

Cham<strong>os</strong> tivesse dado um certo distrito a<strong>os</strong> moabitas, contanto<br />

que o seu Deus lhes <strong>de</strong>sse também um. Jacó não hesitou <strong>em</strong><br />

esp<strong>os</strong>ar as filhas <strong>de</strong> um idólatra. Labão tinha o seu Deus; como<br />

Jacó. Eis alguns ex<strong>em</strong>pl<strong>os</strong> <strong>de</strong> tolerância entre o povo mais<br />

intolerante e mais cruel <strong>de</strong> toda a Antiguida<strong>de</strong>; imitamo-lo n<strong>os</strong><br />

seus furores absurd<strong>os</strong> e não na sua indulgência (VOLTAIRE,<br />

1973b, pp. 296-297).<br />

Ao retomar a tolerância que caracterizou o judaísmo, Voltaire tinha como<br />

objetivo m<strong>os</strong>trar que po<strong>de</strong>ríam<strong>os</strong> tê-la aprendido com <strong>os</strong> ju<strong>de</strong>us, mas<br />

historicamente não foi isso o que aconteceu. A respeito da religião judaica foram<br />

transmitid<strong>os</strong> e ensinad<strong>os</strong> seus absurd<strong>os</strong>. Voltaire não ignora que o próprio<br />

judaísmo assumiu um perfil intolerante <strong>em</strong> outr<strong>os</strong> moment<strong>os</strong> históric<strong>os</strong>, mas<br />

procura <strong>de</strong>monstrar, por meio <strong>de</strong> sua história, que também para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da religião judaica foi imprescindível a tolerância.<br />

Para Voltaire, <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminad<strong>os</strong> moment<strong>os</strong>, para que uma socieda<strong>de</strong><br />

<strong>sobre</strong>viva e pr<strong>os</strong>pere a intolerância po<strong>de</strong> ser legítima e necessária. No entanto, <strong>de</strong><br />

forma alguma ele assume uma <strong>de</strong>fesa absoluta e incondicional <strong>de</strong> apenas um<br />

momento histórico. O que ele consi<strong>de</strong>ra é que as circunstâncias ag<strong>em</strong> <strong>sobre</strong> <strong>os</strong><br />

c<strong>os</strong>tumes d<strong>os</strong> pov<strong>os</strong>.

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