14.04.2013 Views

ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...

ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...

ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Em sua obra, O preço da justiça, 67 Voltaire utiliza esse fato para<br />

questionar a legislação francesa, dominada ainda pelo gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r d<strong>os</strong><br />

eclesiástic<strong>os</strong>, assim <strong>de</strong>scrit<strong>os</strong>:<br />

[...] uma espécie <strong>de</strong> gente <strong>de</strong>sconhecida entre nós. Essas<br />

pessoas vest<strong>em</strong>-se <strong>de</strong> maneira diferente d<strong>os</strong> outr<strong>os</strong> homens.<br />

Andam com as coxas, as pernas e <strong>os</strong> pés nus; <strong>de</strong>sce-lhes a<br />

barba até a cintura, que eles cing<strong>em</strong> com uma corda; põ<strong>em</strong> nas<br />

mangas o que pom<strong>os</strong> n<strong>os</strong> bols<strong>os</strong>; nós falam<strong>os</strong> pela boca, e eles<br />

falam pelo nariz (VOLTAIRE, 20006b, p. 46-47).<br />

Em 1767, Voltaire publicou O Ingênuo 68 , que contém uma dura crítica da<br />

situação francesa. Destaca a crise das instituições francesas e as contradições<br />

entre o que se ensina a respeito da vida social, <strong>sobre</strong>tudo da religião, e o que se<br />

vive. Ainda <strong>em</strong> 1767, ele publicou também O túmulo do fanatismo. Nessa obra,<br />

ele se ocupa da discussão d<strong>os</strong> princípi<strong>os</strong> religi<strong>os</strong><strong>os</strong> do cristianismo. Nesse<br />

período, ocorre um acirramento <strong>de</strong> forças entre as instituições e a socieda<strong>de</strong><br />

francesa, do qual a Advertência d<strong>os</strong> Editores da obra é bastante elucidativa:<br />

Oferec<strong>em</strong><strong>os</strong> uma nova edição do livro mais eloqüente, mais<br />

profundo e mais forte já escrito contra o fanatismo. [...]<br />

Suplicam<strong>os</strong> a<strong>os</strong> sábi<strong>os</strong> a qu<strong>em</strong> faz<strong>em</strong><strong>os</strong> chegar essa obra tão útil<br />

ter tanta <strong>de</strong>scrição quanto sabedoria e difundir a luz s<strong>em</strong> dizer<br />

por que mão esta luz lhes chegou. Deus! protegei <strong>os</strong> sábi<strong>os</strong>;<br />

confundi <strong>os</strong> <strong>de</strong>latores e <strong>os</strong> perseguidores (VOLTAIRE, 2006c, p.<br />

3-4).<br />

Em 1768, ele publicou O hom<strong>em</strong> d<strong>os</strong> quarenta escud<strong>os</strong>. 69 Nesse texto,<br />

dialoga com a fisiocracia, questionando <strong>os</strong> princípi<strong>os</strong> <strong>de</strong>fendid<strong>os</strong> pel<strong>os</strong> fisiocratas,<br />

<strong>sobre</strong>tudo a crença <strong>de</strong> que a riqueza seria produzida exclusivamente pela<br />

agricultura e que, por isso, o imp<strong>os</strong>to seria restrito à produção agrícola. 70<br />

67 No artigo X – Do sacrilégio, p. 45-50 (VOLTAIRE, 2006b).<br />

68 “O Ingênuo apareceu <strong>em</strong> 1767 s<strong>em</strong> nome <strong>de</strong> autor, numa edição <strong>de</strong> Utrecht que, na realida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> Genebra. Voltaire, negando a autoria da obra, escreve a seu amigo D´Al<strong>em</strong>bert: ‘Não<br />

existe esse Ingênuo, não o escrevi, não o teria feito jamais; sou inocente como uma pomba e<br />

quero ter a prudência da serpente’. Atribui a obra a um ‘tal Sr. Laurens’, autor do Compadre<br />

Mathieu. Sentia aproximar-se a t<strong>em</strong>pesta<strong>de</strong>. O livro foi proibido <strong>em</strong> França [...]” (MILLIET, 1995, p.<br />

297).<br />

69 VOLTAIRE, 1995d.<br />

70 “O livro foi con<strong>de</strong>nado a 24 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1768 pelo Parlamento <strong>de</strong> Paris e a 29 <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro<br />

pelo papa. [Segundo Milliet isso se <strong>de</strong>u <strong>em</strong> função <strong>de</strong> que] o espírito <strong>de</strong> Voltaire <strong>sobre</strong>exce<strong>de</strong> o<br />

domínio da economia política para ventilar <strong>os</strong> probl<strong>em</strong>as da religião, da ciência [...], da legislação,<br />

da higiene e mesmo da literatura” (MILLIET, 1995, p. 361).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!