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ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...

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eciprocamente as n<strong>os</strong>sas tolices, tal é a primeira lei da natureza” (VOLTAIRE,<br />

1973b, p. 296).<br />

Ao apontar o que enten<strong>de</strong> por tolerância, Voltaire aborda o que <strong>os</strong> homens<br />

têm <strong>em</strong> comum, suas fraquezas e err<strong>os</strong>. Desse ponto <strong>de</strong> vista, ele afirma que,<br />

para adotá-la, eles necessitam passar pela aprendizag<strong>em</strong> do perdão recíproco.<br />

Para o autor, a primeira lei natural é a tolerância, ou seja, o exercício da<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> perdoar. Porém, como a tolerância é uma virtu<strong>de</strong> que se<br />

<strong>de</strong>senvolve mediante a aprendizag<strong>em</strong>, o hom<strong>em</strong> <strong>de</strong>ve exercitá-la. Voltaire alerta-<br />

n<strong>os</strong> <strong>sobre</strong> o porquê <strong>de</strong> a tolerância precisar ser ensinada e por que sua aceitação<br />

enfrenta tanta resistência.<br />

Por que razão, pois, <strong>os</strong> mesm<strong>os</strong> homens que admit<strong>em</strong> <strong>em</strong><br />

particular a indulgência, a beneficência, a justiça, se ergu<strong>em</strong> <strong>em</strong><br />

público com tanto furor contra essas virtu<strong>de</strong>s? Por quê? Porque o<br />

seu interesse é o seu <strong>de</strong>us e tudo sacrificam a este monstro que<br />

adoram. P<strong>os</strong>suo uma dignida<strong>de</strong> e um po<strong>de</strong>r que a ignorância e a<br />

cruelda<strong>de</strong> fundaram; caminho <strong>sobre</strong> as cabeças d<strong>os</strong> homens<br />

pr<strong>os</strong>ternad<strong>os</strong> a meus pés; se eles se soergu<strong>em</strong> e me cont<strong>em</strong>plam<br />

cara a cara, estou perdido; é preciso pois mantê-l<strong>os</strong> pres<strong>os</strong> ao<br />

chão com ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> ferro. Assim raciocinam homens que<br />

sécul<strong>os</strong> <strong>de</strong> fanatismo tornaram po<strong>de</strong>r<strong>os</strong><strong>os</strong> (VOLTAIRE, 1973b, p.<br />

298).<br />

Percebe-se que, segundo Voltaire, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que alguns<br />

homens precisam ser educad<strong>os</strong> para a tolerância, outr<strong>os</strong> são educad<strong>os</strong> para o<br />

fanatismo por aqueles que não têm como objetivo o <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

socieda<strong>de</strong>, o b<strong>em</strong> comum, mas a manutenção e a garantia <strong>de</strong> seus própri<strong>os</strong><br />

interesses.<br />

Voltaire procura <strong>de</strong>monstrar como a tolerância se fez presente <strong>em</strong> certas<br />

épocas e socieda<strong>de</strong>s e como <strong>em</strong> outr<strong>os</strong> moment<strong>os</strong> históric<strong>os</strong> ocorreu a<br />

intolerância e o fanatismo. Por isso, um d<strong>os</strong> foc<strong>os</strong> <strong>de</strong> sua investigação histórica<br />

são <strong>os</strong> c<strong>os</strong>tumes.<br />

Como resultado <strong>de</strong>sse trabalho, ele publicou, <strong>em</strong> 1756, a obra Ensaio<br />

<strong>sobre</strong> <strong>os</strong> c<strong>os</strong>tumes e o espírito das nações. A obra está dividida da seguinte<br />

forma: Introdução 46 , que se subdivi<strong>de</strong> <strong>em</strong> cinqüenta e três subtítul<strong>os</strong>, o Prólogo e<br />

cento e noventa e sete capítul<strong>os</strong>.<br />

46 Utilizam<strong>os</strong> para n<strong>os</strong>so trabalho a tradução da Introdução do Ensaio <strong>sobre</strong> <strong>os</strong> c<strong>os</strong>tumes, sob o<br />

título Fil<strong>os</strong>ofia da História, da Editora Martins Fontes, <strong>de</strong> 2007.

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