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ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...

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vestir-se. Em seguida, para forjar o ferro ou fabricar um seu<br />

equivalente, são necessári<strong>os</strong> tant<strong>os</strong> acas<strong>os</strong> felizes, tanta<br />

indústria, tant<strong>os</strong> sécul<strong>os</strong>, que é imp<strong>os</strong>sível imaginar como <strong>os</strong><br />

homens foram capazes <strong>de</strong> fazê-lo. Que salto <strong>de</strong>sse estado à<br />

astronomia! (VOLTAIRE, 2007a, p. 71)<br />

Destacam<strong>os</strong> que, ao elucidar o <strong>de</strong>senvolvimento da própria razão humana,<br />

Voltaire alerta para o cuidado <strong>de</strong> não olharm<strong>os</strong> o passado e <strong>os</strong> homens do<br />

passado, entre eles <strong>os</strong> autores, apenas com o olhar <strong>de</strong> n<strong>os</strong>so t<strong>em</strong>po, já<br />

beneficiário <strong>de</strong> avanç<strong>os</strong> técnic<strong>os</strong> e culturais produzid<strong>os</strong> pela própria história.<br />

Voltaire analisa as instituições, buscando entendê-las e apresentá-las <strong>em</strong><br />

seu contexto <strong>de</strong> orig<strong>em</strong>, <strong>de</strong>monstrando a necessida<strong>de</strong> e a importância das<br />

mesmas para a or<strong>de</strong>m social. Destaca que elas não <strong>de</strong>v<strong>em</strong> apenas ocupar lugar<br />

<strong>de</strong> justap<strong>os</strong>ição na socieda<strong>de</strong>, ou <strong>de</strong> enfrentamento, mas sim relações <strong>de</strong><br />

equilíbrio e convivência para que assim a socieda<strong>de</strong> p<strong>os</strong>sa pr<strong>os</strong>perar e se<br />

<strong>de</strong>senvolver.<br />

Por isso, precisam<strong>os</strong> ter claro que Voltaire produziu pelo men<strong>os</strong> três<br />

gêner<strong>os</strong> <strong>de</strong> obras: a história, a fil<strong>os</strong>ofia e a literatura. Ao lerm<strong>os</strong> suas obras<br />

literárias e as críticas que fez a uma <strong>de</strong>terminada instituição, t<strong>em</strong><strong>os</strong> que atentar<br />

para as especificida<strong>de</strong>s d<strong>os</strong> gêner<strong>os</strong> que utiliza. A literatura, por ex<strong>em</strong>plo, permite<br />

ao autor elaborar um julgamento <strong>de</strong> valor, o que não <strong>de</strong>smerece sua crítica, mas<br />

po<strong>de</strong> torná-la mais radical e, <strong>em</strong> certas ocasiões, pejorativa. Depen<strong>de</strong>ndo da obra<br />

e do gênero, a crítica <strong>de</strong> Voltaire a uma <strong>de</strong>terminada instituição po<strong>de</strong> n<strong>os</strong> levar a<br />

conclusões equivocadas. Precisam<strong>os</strong> n<strong>os</strong> ater ao que está <strong>em</strong> questão <strong>em</strong> sua<br />

crítica e o gênero do qual faz uso. Do contrário corr<strong>em</strong><strong>os</strong> o risco <strong>de</strong> buscar no<br />

autor e no passado as idéias que já t<strong>em</strong><strong>os</strong> e não a contribuição que <strong>de</strong> fato n<strong>os</strong><br />

apresenta.<br />

Um <strong>de</strong>sses risc<strong>os</strong> é o <strong>de</strong>, no caso <strong>de</strong> Voltaire, pensá-lo apenas como<br />

crítico d<strong>os</strong> jesuítas e da Igreja, <strong>sobre</strong>tudo d<strong>os</strong> <strong>em</strong>bates travad<strong>os</strong> com <strong>os</strong> mesm<strong>os</strong>,<br />

esquecer que suas críticas tinham como preocupação <strong>de</strong>monstrar a<strong>os</strong> homens<br />

que é p<strong>os</strong>sível pensar por si mesm<strong>os</strong>, pois ele entendia que a história é humana.<br />

A história é para Voltaire a somatória d<strong>os</strong> feit<strong>os</strong> human<strong>os</strong> permead<strong>os</strong> <strong>de</strong><br />

moment<strong>os</strong> <strong>de</strong> barbárie e <strong>de</strong> luzes, que in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> qualquer força<br />

transcen<strong>de</strong>nte ou <strong>de</strong>stino previamente estabelecido. Por isso, <strong>os</strong> homens<br />

precisariam ser educad<strong>os</strong> não mais para seguir e obe<strong>de</strong>cer <strong>de</strong>terminadas regras

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