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ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...

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tradicionais que reg<strong>em</strong> a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu t<strong>em</strong>po por regras simples e<br />

el<strong>em</strong>entares apoiadas na razão e na lei natural”. Nesse sentido, enten<strong>de</strong>m<strong>os</strong> a<br />

importância d<strong>os</strong> mesm<strong>os</strong> para n<strong>os</strong>so estudo acerca da educação, porque essas<br />

obras levam <strong>os</strong> homens a <strong>de</strong>snaturalizar<strong>em</strong> o mundo <strong>em</strong> que viv<strong>em</strong>, a pensar<strong>em</strong><br />

as relações estabelecidas. Ao <strong>de</strong>stacar esse ponto <strong>de</strong> partida das obras d<strong>os</strong><br />

autores do século XVIII, Tocqueville n<strong>os</strong> revela o que as tornaram clássicas,<br />

referência para o entendimento d<strong>os</strong> homens e socieda<strong>de</strong>, extensivo a outras<br />

épocas e pov<strong>os</strong>, b<strong>em</strong> como à dinâmica educativa das mesmas.<br />

Destacam<strong>os</strong> um trecho <strong>de</strong> O sobrinho <strong>de</strong> Rameau, no qual Di<strong>de</strong>rot n<strong>os</strong><br />

aponta para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>snaturalização das palavras e d<strong>os</strong> conceit<strong>os</strong>.<br />

Som<strong>os</strong> tod<strong>os</strong> assim: t<strong>em</strong><strong>os</strong> na m<strong>em</strong>ória somente palavras que<br />

cr<strong>em</strong><strong>os</strong> compreen<strong>de</strong>r por seu uso freqüente e por sua aplicação<br />

correta; mas no espírito há somente noções vagas. Quando<br />

pronuncio o termo canto, não tenho uma noção mais clara do que<br />

vós e <strong>os</strong> <strong>de</strong> v<strong>os</strong>sa laia ao pronunciar<strong>de</strong>s <strong>os</strong> term<strong>os</strong> reputação,<br />

censura, honra, vício, virtu<strong>de</strong>, pudor, <strong>de</strong>cência, vergonha, ridículo<br />

(DIDEROT, 1973, p. 368 – grif<strong>os</strong> do autor).<br />

Di<strong>de</strong>rot chama a atenção, inclusive, para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se rediscutir <strong>os</strong><br />

conceit<strong>os</strong> que valoram as relações sociais. Pelo fato <strong>de</strong> ser comum n<strong>os</strong><br />

ac<strong>os</strong>tumarm<strong>os</strong> com as palavras e naturalizarm<strong>os</strong> as relações sociais, a educação<br />

t<strong>em</strong> como tarefa <strong>de</strong>spertar n<strong>os</strong> indivídu<strong>os</strong> a reflexão <strong>sobre</strong> o que já pensam<br />

conhecer. Não se busca conhecer a história para evitar sua repetição, mas para<br />

saber que as relações sociais estabelecidas, <strong>os</strong> valores, comportament<strong>os</strong> e<br />

instituições foram construíd<strong>os</strong> pel<strong>os</strong> homens com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r às<br />

necessida<strong>de</strong>s d<strong>os</strong> moment<strong>os</strong> históric<strong>os</strong> que lhes correspondiam.<br />

Por isso, outro enfrentamento para <strong>os</strong> autores do século XVIII é o mito.<br />

[...] para tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> pensadores do Iluminismo o mito fora uma<br />

coisa bárbara, uma estranha e ru<strong>de</strong> massa <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias (sic)<br />

confusas e superstições gr<strong>os</strong>seiras, uma autêntica<br />

monstru<strong>os</strong>ida<strong>de</strong>. Entre o mito e a fil<strong>os</strong>ofia não podia haver ponto<br />

<strong>de</strong> contato. O mito termina on<strong>de</strong> começa a fil<strong>os</strong>ofia – tal como a<br />

noite dá lugar ao dia (CASSIRER, 196?, p. 226).<br />

Ao retomar<strong>em</strong> a história, esses autores procuram romper com o mito e<br />

instaurar a razão. O primeiro enfrentamento para a retomada da razão passa a<br />

ser a própria história que, da perspectiva d<strong>os</strong> autores do século XVIII, estava tão

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