ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...
ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...
ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Neste sentido, afirma “[...] o reino é o governo <strong>de</strong> uma multidão perfeita,<br />
or<strong>de</strong>nado ao b<strong>em</strong> comum e exercido por um indivíduo” (JOÃO QUIDORT, 1989, pp.<br />
41-42). Esta <strong>de</strong>finição cont<strong>em</strong>pla a idéia <strong>de</strong> hom<strong>em</strong> político, cuja vida é pautada<br />
na socieda<strong>de</strong>, s<strong>em</strong> a qual não teria condições <strong>de</strong> suprir até mesmo suas<br />
necessida<strong>de</strong>s mais el<strong>em</strong>entares.<br />
O governo real t<strong>em</strong> por finalida<strong>de</strong> o b<strong>em</strong> comum (JOÃO QUIDORT, 1989, p.<br />
45). Pelo fato <strong>de</strong> o hom<strong>em</strong> viver <strong>em</strong> socieda<strong>de</strong> e, <strong>de</strong>vido a<strong>os</strong> interesses<br />
individuais, o governo <strong>de</strong>ve garantir que a vida seja orientada para o b<strong>em</strong> da<br />
socieda<strong>de</strong> e não apenas o b<strong>em</strong> d<strong>os</strong> indivídu<strong>os</strong>. Essa será a função do rei. A<br />
argumentação <strong>em</strong> <strong>de</strong>fesa do reino sob o governo <strong>de</strong> um fundamenta-se no<br />
entendimento <strong>de</strong> que é mais fácil garantir a virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> um governante, do que <strong>de</strong><br />
um grupo <strong>de</strong> governantes. Ao pressupor o governo <strong>de</strong> um, João Quidort não está<br />
mais no entendimento <strong>de</strong> um Império, <strong>de</strong> toda a Cristanda<strong>de</strong>, mas d<strong>os</strong> govern<strong>os</strong><br />
das cida<strong>de</strong>s ou do reino.<br />
Segundo Quidort (1989, p. 45), “[...] não é [...] necessário que o mundo seja<br />
governado por uma só pessoa nas coisas t<strong>em</strong>porais, assim como é necessário<br />
que o seja nas espirituais”. Ele pressupõe a existência do po<strong>de</strong>r único da Igreja e<br />
o <strong>de</strong> diversas Monarquias n<strong>os</strong> Estad<strong>os</strong> que, neste momento histórico, estão <strong>em</strong><br />
formação, <strong>sobre</strong>tudo o francês, orig<strong>em</strong> das reflexões do autor.<br />
Ao discutir a relação e a dignida<strong>de</strong> d<strong>os</strong> dois po<strong>de</strong>res, afirma:<br />
Contudo, se o sacerdote t<strong>em</strong> maior dignida<strong>de</strong> que o príncipe,<br />
n<strong>em</strong> por isso precisa ser superior ao príncipe <strong>em</strong> todas as coisas.<br />
O po<strong>de</strong>r secular, que é menor, não se comporta ante o po<strong>de</strong>r<br />
maior espiritual como ante algo do qual provenha ou <strong>de</strong>rive, como<br />
o faz o po<strong>de</strong>r do procônsul ante o po<strong>de</strong>r imperial, que <strong>em</strong> tudo lhe<br />
é maior, pois o po<strong>de</strong>r daquele <strong>de</strong>riva <strong>de</strong>ste. [...] Assim, pois, o<br />
po<strong>de</strong>r secular é superior ao espiritual <strong>em</strong> algumas coisas, isto é,<br />
nas coisas t<strong>em</strong>porais, e neste assunto não se encontra <strong>em</strong> nada<br />
sujeito ao espiritual, pois não proce<strong>de</strong> <strong>de</strong>le, mas amb<strong>os</strong> provêm<br />
imediatamente <strong>de</strong> um só po<strong>de</strong>r supr<strong>em</strong>o, que é o divino, e por<br />
isso o po<strong>de</strong>r inferior não está sujeito ao po<strong>de</strong>r superior <strong>em</strong> todas<br />
as coisas, mas apenas naquelas <strong>em</strong> que o po<strong>de</strong>r supr<strong>em</strong>o a<br />
colocou sob o superior (JOÃO QUIDORT, 1989, p. 54).<br />
Na relação entre o po<strong>de</strong>r espiritual e o po<strong>de</strong>r t<strong>em</strong>poral, estes são<br />
apresentad<strong>os</strong> com funções e finalida<strong>de</strong>s distintas. Não se po<strong>de</strong> afirmar<br />
superiorida<strong>de</strong> ou inferiorida<strong>de</strong> absoluta <strong>de</strong> um <strong>em</strong> relação ao outro, <strong>de</strong>vido à<br />
distinção entre amb<strong>os</strong>. O que lhes é comum é o fato <strong>de</strong> que “[...] provêm