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ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...

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f<strong>os</strong>se capaz <strong>de</strong> legitimar sua contestação a<strong>os</strong> po<strong>de</strong>res e<br />

imunida<strong>de</strong>s que a Igreja então pleiteava. Isso se <strong>de</strong>u<br />

basicamente <strong>em</strong> Florença, que se proclamou guardiã das<br />

‘liberda<strong>de</strong>s t<strong>os</strong>canas’, <strong>em</strong> Pádua, que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a restauração <strong>de</strong><br />

seu governo comunal, <strong>em</strong> 1256, aparecia como a maior<br />

<strong>de</strong>fensora d<strong>os</strong> valores republican<strong>os</strong> na Lombardia.<br />

Uma maneira óbvia <strong>de</strong> se opor às pretensões da Igreja ao<br />

domínio t<strong>em</strong>poral consistia <strong>em</strong> apelar ao imperador para que<br />

reequilibrasse a balança, <strong>de</strong>masiado favorável ao papa. Era<br />

bastante plausível, simplesmente reconhecendo a antiga<br />

alegação d<strong>os</strong> imperiais segundo a qual o Regnum Italicum fazia<br />

parte do Santo Império romano, alegar que o papado não po<strong>de</strong>ria<br />

ser o legítimo governante da Lombardia e da T<strong>os</strong>cana, já que<br />

isso implicaria usurpar <strong>os</strong> direit<strong>os</strong> que por lei incumbiam ao<br />

imperador. Essa estratégia parecia particularmente tentadora <strong>em</strong><br />

início do século XIV, quando a <strong>de</strong>scida <strong>de</strong> Henrique <strong>de</strong><br />

Lux<strong>em</strong>burgo à Itália, <strong>em</strong> 1310, pareceu por um momento <strong>de</strong>volver<br />

à realida<strong>de</strong> o i<strong>de</strong>al do império medieval (SKINNER, 2006, pp. 37-<br />

38).<br />

É nesse contexto que Dante Alighieri (Florença 1265 - Ravena 1321), na<br />

obra Monarquia, <strong>de</strong> 1309, discute a separação d<strong>os</strong> po<strong>de</strong>res. Skinner, ao<br />

consi<strong>de</strong>rar o contexto das disputas nas cida<strong>de</strong>s italianas <strong>sobre</strong> a limitação do<br />

po<strong>de</strong>r papal, <strong>de</strong>staca a obra <strong>de</strong> Dante, por sua importância e pertinência.<br />

A forte formação medieval <strong>de</strong> Dante, carregada d<strong>os</strong> preceit<strong>os</strong><br />

religi<strong>os</strong><strong>os</strong> própri<strong>os</strong> daquela época, não lhe impediu <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a<br />

Monarquia como a forma <strong>de</strong> governo i<strong>de</strong>al, a qual julgava ser<br />

capaz <strong>de</strong> resolver as questões sociais e políticas que estavam<br />

surgindo na socieda<strong>de</strong> pré-burguesa da Europa do século XIV.<br />

A Europa à época <strong>de</strong> Dante vivia um momento <strong>de</strong> reor<strong>de</strong>namento<br />

social, com o aparecimento da burguesia e do renascimento das<br />

cida<strong>de</strong>s, entre tant<strong>os</strong> outr<strong>os</strong> aspect<strong>os</strong> transformadores. Sendo<br />

assim, o Poeta reproduz, <strong>em</strong> sua obra, a visão que t<strong>em</strong> não<br />

apenas do momento vivido, mas também das tendências que<br />

estavam se <strong>de</strong>scortinando naquela socieda<strong>de</strong>. Em op<strong>os</strong>ição ao<br />

po<strong>de</strong>r papal, o Poeta i<strong>de</strong>ntifica <strong>os</strong> primeir<strong>os</strong> sinais do Estado<br />

Absolutista (GUIMARÃES, 2004, fls. 67-68).<br />

Em sua Dissertação <strong>de</strong> Mestrado, O ocaso do mundo feudal e a<br />

construção do hom<strong>em</strong> mo<strong>de</strong>rno, Guimarães afirma a importância <strong>de</strong> Dante,<br />

<strong>de</strong>stacando aspect<strong>os</strong> <strong>de</strong> sua formação e <strong>de</strong> sua obra, especialmente Convívio,<br />

Monarquia e A Divina Comédia. Apresentando-o como hom<strong>em</strong> do século XIV,<br />

cujas teses foram formuladas com foco nas questões <strong>de</strong>ssa época, ele analisa a<br />

sua importância para o entendimento das mudanças pelas quais passava a<br />

Europa Oci<strong>de</strong>ntal. Entre as questões com as quais Dante se ocupou, t<strong>em</strong><strong>os</strong> a<br />

separação d<strong>os</strong> po<strong>de</strong>res, que resultou <strong>em</strong> sua obra Monarquia. A época <strong>de</strong> Dante

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