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ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...

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Relacionam<strong>os</strong> um ponto <strong>de</strong> discordância <strong>de</strong> Voltaire por <strong>de</strong>monstrar-n<strong>os</strong> a<br />

particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua leitura da história. Em relação a separação d<strong>os</strong> po<strong>de</strong>res,<br />

Montesquieu <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que as instituições religi<strong>os</strong>as na Monarquia exerc<strong>em</strong> um<br />

papel político ao conter<strong>em</strong> o po<strong>de</strong>r do governante. “Assim como, numa república,<br />

o po<strong>de</strong>r do clero é perig<strong>os</strong>o, ele é conveniente numa monarquia, <strong>sobre</strong>tudo nas<br />

que caminham para o <strong>de</strong>spotismo” (MONTESQUIEU, 1979, p. 36).<br />

Voltaire ao discordar <strong>de</strong> Montesquieu, alerta para o fato <strong>de</strong> isso não ser<br />

uma verda<strong>de</strong> a priori, pois é preciso analisar o contexto histórico. Ao comentar o<br />

Capítulo IV – Das leis <strong>em</strong> sua relação com a natureza do governo monárquico,<br />

<strong>de</strong>tém-se na passag<strong>em</strong> que citam<strong>os</strong> acima e apresenta a seguinte consi<strong>de</strong>ração:<br />

Ele toma aqui por regra geral que <strong>os</strong> padres são <strong>em</strong> tod<strong>os</strong> <strong>os</strong><br />

t<strong>em</strong>p<strong>os</strong> e <strong>em</strong> tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> lugares <strong>os</strong> corretores d<strong>os</strong> príncipes. Eu<br />

não aconselharia um hom<strong>em</strong> que se propõe a instruir a<br />

estabelecer assim regras gerais. N<strong>em</strong> b<strong>em</strong> ele fixou um princípio<br />

e a história se abre diante <strong>de</strong>le para lhe m<strong>os</strong>trar c<strong>em</strong> ex<strong>em</strong>pl<strong>os</strong><br />

contrári<strong>os</strong> (VOLTAIRE, 2001, p. 12).<br />

Assim, Voltaire aponta para o papel educativo da história e seu aspecto<br />

formativo ao <strong>de</strong>stacar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atentarm<strong>os</strong> ao analisar um aspecto para<br />

não incorrerm<strong>os</strong> no erro <strong>de</strong> generalizações apressadas. Ainda <strong>sobre</strong> o papel<br />

educativo da história e seu aspecto formativo, <strong>de</strong>stacam<strong>os</strong> que:<br />

É verda<strong>de</strong> que a história não se repete e, por isso, ela não fornece<br />

receitas prontas acabadas para ser<strong>em</strong> seguidas. No entanto,<br />

estudar a história <strong>de</strong> um povo n<strong>os</strong> permite inferir e <strong>de</strong>duzir aquilo<br />

que po<strong>de</strong> acontecer con<strong>os</strong>co. Como já observou Vassily<br />

Klinchevsky, m<strong>em</strong>orialista russo, ‘A história nada ensina, apenas<br />

castiga qu<strong>em</strong> não apren<strong>de</strong> suas lições’. Po<strong>de</strong>m<strong>os</strong>, pois indagar: por<br />

que cometer err<strong>os</strong> se po<strong>de</strong>m<strong>os</strong> evitar alguns <strong>de</strong>les conhecendo a<br />

história <strong>de</strong> outr<strong>os</strong> pov<strong>os</strong>. Por outro lado, não po<strong>de</strong>ndo evitar<br />

<strong>de</strong>sgraças, <strong>de</strong>v<strong>em</strong><strong>os</strong> apren<strong>de</strong>r com <strong>os</strong> roman<strong>os</strong> que, segundo<br />

Montesquieu, ‘[...] nunca teve <strong>de</strong>sgraças que lhe não serviss<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

lição’ (OLIVEIRA & MENDES, 2007, p. 120).<br />

Em certo sentido, po<strong>de</strong>m<strong>os</strong> afirmar que a gran<strong>de</strong> questão <strong>de</strong> Voltaire ao<br />

dar importância à história esteja diretamente relacionada ao que n<strong>os</strong> afirma<br />

Oliveira e Men<strong>de</strong>s: a aprendizag<strong>em</strong> com a própria história e com a <strong>de</strong> outr<strong>os</strong><br />

pov<strong>os</strong>. É com esse entendimento que, ao longo <strong>de</strong>ste trabalho, vinculam<strong>os</strong> o<br />

estudo <strong>de</strong> Voltaire a um aspecto educativo.<br />

Outr<strong>os</strong> t<strong>em</strong>p<strong>os</strong>, outr<strong>os</strong> cuidad<strong>os</strong>. Seria absurdo dizimar hoje a<br />

Sorbonne por ter requerido outrora que a Donzela <strong>de</strong> Orléans

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