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ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...

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significativas que ocorreram no contexto social, político, econômico e cultural<br />

francês. Embora algumas estruturas sociais pareçam ter-se conservado, pois as<br />

alterações são observáveis apenas quando a referência é um período <strong>de</strong> longa<br />

duração, o radicalismo que transparece nas obras da velhice <strong>de</strong> Voltaire,<br />

comparativamente a suas p<strong>os</strong>ições juvenis, revela que essas mudanças se faz<strong>em</strong><br />

sentir <strong>em</strong> sua produção intelectual.<br />

Adotam<strong>os</strong> neste trabalho a perspectiva da história <strong>de</strong> longa duração,<br />

porque essa forma <strong>de</strong> abordag<strong>em</strong> p<strong>os</strong>sibilita-n<strong>os</strong> compreen<strong>de</strong>r “[...] o papel<br />

<strong>em</strong>inente da história das instituições, das religiões, das civilizações” (BRAUDEL,<br />

1978, p. 47). N<strong>os</strong>sa fonte principal é o Ensaio <strong>sobre</strong> <strong>os</strong> c<strong>os</strong>tumes, <strong>de</strong> Voltaire, no<br />

qual ele apresenta um estudo minuci<strong>os</strong>o da história <strong>de</strong> diversas socieda<strong>de</strong>s,<br />

continentes e pov<strong>os</strong>, <strong>de</strong>monstrando como <strong>os</strong> homens criaram suas instituições e<br />

como a história é importante para as conhecerm<strong>os</strong>.<br />

Em Ensaio <strong>sobre</strong> <strong>os</strong> c<strong>os</strong>tumes, o foco <strong>de</strong> Voltaire são as instituições. Ele<br />

procura <strong>de</strong>monstrar o <strong>de</strong>senvolvimento das socieda<strong>de</strong>s como fruto da ação d<strong>os</strong><br />

homens <strong>em</strong> diferentes moment<strong>os</strong> históric<strong>os</strong> e como resultado da organização da<br />

própria socieda<strong>de</strong>.<br />

N<strong>os</strong>sa opção pela perspectiva <strong>de</strong> longa duração <strong>de</strong>ve-se ao n<strong>os</strong>so<br />

entendimento <strong>de</strong> que <strong>de</strong>terminad<strong>os</strong> valores e estruturas <strong>de</strong> épocas e locais<br />

diferentes aparec<strong>em</strong> <strong>em</strong> outras épocas, <strong>de</strong>terminando a forma <strong>de</strong> ser da<br />

socieda<strong>de</strong>. Mesmo com as inúmeras mudanças produzidas ao longo da história a<br />

forma <strong>de</strong> ser da socieda<strong>de</strong> mantém estruturas que foram constituídas <strong>em</strong> outras<br />

épocas históricas.<br />

Segundo Voltaire, <strong>os</strong> homens <strong>de</strong>v<strong>em</strong> apren<strong>de</strong>r tanto com a história <strong>de</strong> sua<br />

própria socieda<strong>de</strong> quanto com a <strong>de</strong> outr<strong>os</strong> pov<strong>os</strong>. Ou seja, essa forma <strong>de</strong><br />

aprendizag<strong>em</strong> não se restringe à história da própria socieda<strong>de</strong>, mas, a partir do<br />

diferente e do que muitas vezes n<strong>os</strong> parece exótico, po<strong>de</strong>m<strong>os</strong> perceber como foi<br />

p<strong>os</strong>sível o <strong>de</strong>senvolvimento das socieda<strong>de</strong>s. Apren<strong>de</strong>r<strong>em</strong><strong>os</strong> com o outro <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

que tenham<strong>os</strong> para com ele o respeito pelo seu direito <strong>de</strong> ser, ou seja, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />

sejam<strong>os</strong> tolerantes: a “[...] vantag<strong>em</strong> consiste, <strong>sobre</strong>tudo, na comparação que um<br />

estadista, um cidadão po<strong>de</strong> fazer das leis e c<strong>os</strong>tumes estrangeir<strong>os</strong> com <strong>os</strong> do seu<br />

país” (VOLTAIRE, 2007, pp. 14-15).

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