ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...
ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...
ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
imediatamente <strong>de</strong> um só po<strong>de</strong>r supr<strong>em</strong>o, que é o divino”. Ao afirmar isto, assim<br />
como Dante, João Quidort fundamenta a orig<strong>em</strong> do po<strong>de</strong>r t<strong>em</strong>poral no próprio<br />
Deus, s<strong>em</strong> o intermédio da Igreja.<br />
Contrário à tese <strong>de</strong> domínio <strong>de</strong> Egídio Romano, enten<strong>de</strong> Quidort que “[...]<br />
fora d<strong>os</strong> cas<strong>os</strong> <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>em</strong> vista do b<strong>em</strong> espiritual comum, não p<strong>os</strong>sui o<br />
papa qualquer direito <strong>de</strong> uso d<strong>os</strong> bens d<strong>os</strong> leig<strong>os</strong>, po<strong>de</strong>ndo cada qual dispor do<br />
que é seu assim como o b<strong>em</strong> enten<strong>de</strong>r, e cabendo ao príncipe as <strong>de</strong>cisões <strong>em</strong><br />
caso do b<strong>em</strong> comum t<strong>em</strong>poral” (QUIDORT, 1989, p. 61). Ele pressupõe que <strong>os</strong><br />
po<strong>de</strong>res são distint<strong>os</strong>, refutando a tese da autorida<strong>de</strong> ou p<strong>os</strong>se da Igreja. Afirma<br />
que tanto o po<strong>de</strong>r papal quanto o real são legítim<strong>os</strong> se aten<strong>de</strong>m ao b<strong>em</strong> comum.<br />
Situando a discussão <strong>de</strong> Egídio Romano e João Quidort na França e com o<br />
foco na disputa entre o papa Bonifácio VIII e o rei francês Filipe, o Belo, po<strong>de</strong>m<strong>os</strong><br />
perceber que, ao passo que Egídio Romano reforça a autorida<strong>de</strong> papal e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong><br />
a tese do domínio da Igreja, João Quidort discute <strong>os</strong> po<strong>de</strong>res régio e papal com<br />
base no atendimento ao b<strong>em</strong> comum.<br />
No século XVIII, a prop<strong>os</strong>ição <strong>de</strong> Voltaire <strong>em</strong> relação à separação d<strong>os</strong><br />
po<strong>de</strong>res se dá com base no critério da necessida<strong>de</strong> para o <strong>de</strong>senvolvimento da<br />
socieda<strong>de</strong>, tanto do Estado quanto da religião. No caso específico voltariano, ele<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong> domínio do Estado <strong>sobre</strong> a Igreja e p<strong>os</strong>iciona-se <strong>de</strong><br />
forma radical na <strong>de</strong>fesa não <strong>de</strong> uma igreja, mas da religião natural.<br />
Isso se dá pelo fato <strong>de</strong> que<br />
Voltaire recusa qualquer fundamento sagrado para o domínio<br />
político e procura explicá-lo a partir das relações que <strong>os</strong> homens<br />
estabelec<strong>em</strong> entre si. No contexto do século XVIII, essa ainda era<br />
uma tese polêmica, pois contestava alguns d<strong>os</strong> pressup<strong>os</strong>t<strong>os</strong> que<br />
haviam justificado as Monarquias européias até aquele momento.<br />
Durante o processo <strong>de</strong> formação d<strong>os</strong> gran<strong>de</strong>s Estad<strong>os</strong> europeus,<br />
o po<strong>de</strong>r monárquico legitimou-se atribuindo um caráter místico e<br />
sagrado à figura do rei (MIRANDA, 2003, fls. 30-31)<br />
Para Voltaire, o p<strong>os</strong>icionamento da Igreja Romana pautava-se ainda na<br />
Dictatus Papae, ou seja, na <strong>de</strong>fesa do domínio da Igreja. Segundo ele<br />
Em Roma, não há padre que não tenha aprendido <strong>em</strong> seu curso<br />
<strong>de</strong> teologia que o papa <strong>de</strong>ve ser soberano do mundo, pois está<br />
escrito que foi dito a Simão, filho <strong>de</strong> Jonas da Galiléia, apelidado<br />
<strong>de</strong> Pedro: ‘És Pedro e <strong>sobre</strong> esta pedra construirei minha<br />
ass<strong>em</strong>bléia! Em vão diga-se a Gregório VII: ‘Não se trata d<strong>os</strong>