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ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...

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Ludovico <strong>de</strong> que não tinha o direito confirmado <strong>de</strong> imperador pela<br />

Sé Ap<strong>os</strong>tólica, e <strong>de</strong> que estava a incorrer <strong>em</strong> falta grave, ao<br />

apoiar excomungad<strong>os</strong>. [...] O monarca naturalmente não<br />

consi<strong>de</strong>rou as imp<strong>os</strong>ições pontifícias, <strong>de</strong> modo que <strong>em</strong> 23 <strong>de</strong><br />

março <strong>de</strong> 1324 acabou sendo excomungado.<br />

Em represália, a 22 <strong>de</strong> maio do mesmo ano, o Imperador<br />

divulgou <strong>em</strong> Sachsenhausen um ve<strong>em</strong>ente e longo manifesto, no<br />

qual João XXII era acusado <strong>de</strong> inúmeras arbitrarieda<strong>de</strong>s, entre as<br />

quais a <strong>de</strong> não reconhecer como Rei d<strong>os</strong> Roman<strong>os</strong> aquele que<br />

fora eleito pela maioria d<strong>os</strong> príncipes eleitores e há muito já<br />

governava toda a Al<strong>em</strong>anha (SOUZA, 1997, pp. 16-18).<br />

As disputas entre o Imperador e o Papa ocorreram <strong>em</strong> dois níveis, um d<strong>os</strong><br />

quais foi o recurso às armas. Quando esse recurso parecia esgotado, ou<br />

atendido, recorreu-se à discussão <strong>de</strong> idéias. É importante <strong>de</strong>stacar que, da<br />

disputa entre Ludovico e João XXII, originou-se um documento assinado pelo<br />

Imperador, que, segundo Souza (1997, p. 16), fora elaborado pel<strong>os</strong> franciscan<strong>os</strong><br />

dissi<strong>de</strong>ntes <strong>em</strong> resp<strong>os</strong>ta ao argumento papal fundamentado na <strong>de</strong>cretal <strong>de</strong><br />

Inocêncio III, Venerabil<strong>em</strong>. 42<br />

A <strong>de</strong>cretal Venerabil<strong>em</strong> “oficializou juridicamente a teoria e a transferência<br />

do Império d<strong>os</strong> Greg<strong>os</strong> para <strong>os</strong> Germânic<strong>os</strong> por intermédio do Papado” (SOUZA,<br />

1997, p. 18, nota 11). O papa recorreu à tradição, a um documento papal anterior,<br />

para justificar sua intervenção na sucessão do trono na Al<strong>em</strong>anha, alegando que<br />

a vacância do trono <strong>de</strong>veu-se a incorreções no processo eleitoral. O imperador,<br />

por sua vez, acusou o papa <strong>de</strong> <strong>de</strong>srespeitar um processo legítimo e <strong>de</strong> se tornar-<br />

se, assim, nas palavras <strong>de</strong> Ludovico, um “[...] inimigo da paz, [por] intensificar e<br />

suscitar discórdias e escândal<strong>os</strong> não só na Itália, o que é notório, mas também na<br />

Al<strong>em</strong>anha [...]” (SOUZA, 1997, p. 19, nota 13).<br />

As disputas entre o imperador e o papa suscitaram o <strong>de</strong>bate político e o<br />

p<strong>os</strong>icionamento d<strong>os</strong> pensadores da época; alguns a favor do imperador e<br />

contrári<strong>os</strong> ao papado ou vice-versa. Entre eles <strong>de</strong>stacam<strong>os</strong> Marsílio <strong>de</strong> Pádua<br />

que, por ser um mestre da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paris, po<strong>de</strong> elaborar teses que<br />

confrontavam o Papado.<br />

Marsílio <strong>de</strong> Pádua não é um hom<strong>em</strong> da Igreja e, precisamente<br />

por isso, po<strong>de</strong> atacá-la tão diretamente. Mas, mesmo assim, a<br />

42 “Inocêncio III foi o 174º papa, <strong>de</strong> 1198 a 1216. Teólogo e jurista, eleito com apenas 37 an<strong>os</strong> <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong>, foi o papa mais po<strong>de</strong>r<strong>os</strong>o da Ida<strong>de</strong> Média, proclamou não somente a in<strong>de</strong>pendência, mas<br />

também a soberania da Santa Sé <strong>em</strong> relação a<strong>os</strong> <strong>de</strong>mais soberan<strong>os</strong>”. (PETTIT ROBERT, 1993, p.<br />

889 - Tradução n<strong>os</strong>sa).

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