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ensaio sobre os costumes - Programa de Pós-graduação em ...

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Cumpre apenas, portanto, usar n<strong>os</strong>sa razão para discernir <strong>os</strong><br />

matizes da honestida<strong>de</strong> e da <strong>de</strong>sonestida<strong>de</strong>. B<strong>em</strong> e mal tantas<br />

vezes estão próxim<strong>os</strong>; n<strong>os</strong>sas paixões <strong>os</strong> confun<strong>de</strong>m: qu<strong>em</strong> n<strong>os</strong><br />

esclarecerá? Nós mesm<strong>os</strong>, quando estam<strong>os</strong> tranqüil<strong>os</strong>. Qualquer<br />

um que tenha escrito <strong>sobre</strong> n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> <strong>de</strong>veres b<strong>em</strong> escreveu <strong>em</strong><br />

todas as partes do mundo, pois escreveu usando sua própria<br />

razão. Disseram tod<strong>os</strong> a mesma coisa: Sócrates e Epicuro,<br />

Confúcio e Cícero, Marco Aurélio e Amurath II tiveram a mesma<br />

moral.<br />

Convém repetir tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> dias a tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> homens: a moral é uma<br />

só, v<strong>em</strong> <strong>de</strong> Deus; <strong>os</strong> dogmas são diferentes, vêm <strong>de</strong> nós<br />

(VOLTAIRE, 2006b, p. 2).<br />

Segundo Voltaire, existe apenas uma moral natural, cujas raízes estão no<br />

próprio Deus, que, ao criar <strong>os</strong> homens, <strong>de</strong>u-lhes a razão. Ao pressupor isso, o<br />

autor enfatiza a existência <strong>de</strong> Deus, porém não faz qualquer menção à<br />

interferência divina na vida d<strong>os</strong> homens ou mesmo nas leis da natureza.<br />

Esclarec<strong>em</strong><strong>os</strong> que o Deus pressup<strong>os</strong>to por Voltaire e pelo iluminismo não está<br />

vinculado às religiões, já que, para ele, as religiões são criações d<strong>os</strong> própri<strong>os</strong><br />

homens.<br />

Para Kreimendahl (2003, p. 7-8), é comum consi<strong>de</strong>rarm<strong>os</strong> o Iluminismo<br />

fil<strong>os</strong>ófico um movimento homogêneo, mas o iluminismo abrange diversas áreas;<br />

não se trata apenas <strong>de</strong> uma manifestação fil<strong>os</strong>ófica e, mesmo como movimento<br />

fil<strong>os</strong>ófico, não po<strong>de</strong> ser tratado como homogêneo.<br />

Ao afirmar que o Iluminismo, especialmente a Fil<strong>os</strong>ofia Iluminista, não é<br />

homogêneo, <strong>em</strong>bora, a princípio, seja marcado por características comuns,<br />

Kreimendahl esten<strong>de</strong> essa falta <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> até mesmo a<strong>os</strong> autores iluministas <strong>de</strong><br />

um mesmo país. Mesmo que se fale <strong>em</strong> Iluminismo francês, <strong>de</strong>ve-se ter <strong>em</strong> conta<br />

que, entre <strong>os</strong> própri<strong>os</strong> autores franceses, exist<strong>em</strong> questões e teses que são<br />

distintas, apesar <strong>de</strong> formuladas n<strong>os</strong> <strong>em</strong>bates às contradições que lhes são<br />

comuns.<br />

É importante <strong>de</strong>stacar esse fato, porque ele <strong>de</strong>monstra que as próprias<br />

idéias se faz<strong>em</strong> historicamente, evi<strong>de</strong>nciando também que <strong>os</strong> autores vão se<br />

forjando com o t<strong>em</strong>po e ao longo das discussões <strong>de</strong> suas teses. Isso, <strong>de</strong> certa<br />

forma, confirma a história como um d<strong>os</strong> el<strong>em</strong>ent<strong>os</strong> que favorec<strong>em</strong> a compreensão<br />

do próprio processo educativo. Voltaire afirma que precisam<strong>os</strong> apren<strong>de</strong>r com a<br />

história, com <strong>os</strong> antepassad<strong>os</strong>, para não incidirm<strong>os</strong> n<strong>os</strong> err<strong>os</strong> por eles cometid<strong>os</strong>.

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